quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

2ª ICSI - Consulta encerramento de ciclo

Com grande pesar lá tive hoje a consulta de encerramento de ciclo.

Este ciclo menstrual está todo marado, ia cheia de medo que os meus ovários estivessem prestes a explodir, mas parece que não. Segundo o Dr T. está tudo bem e no ciclo após um tratamento não se pode dar relevância a nada de anormal. É normal estar tudo marado portanto.

Quanto à análise deste tratamento, na opinião do Dr (e eu concordo) tivemos uma estimulação fantástica com muitos ovocitos, e  uma parte laboratorial muito boa. Mesmo depois da biópsia tínhamos 3 embriões 5AA (um foi o transferido) e os outros também eram de qualidade. Todos destruídos... coitados. Confirmei (tive que o fazer...) com o Dr. que a taxa de implantação de embriões manipulados é (muito) menor que em embriões que não fazem biópsia embrionária. Nada que já não soubesse, mas tinha que confirmar. O Dr. explicou que a fragilidade prende-se com a evolução após a retirada das células analisadas, ou seja até ao 5º dia. Ao 5º dia um 5AA analisado, arrisca dizer, que é igual a um não analisado (aqui tenho as minhas dúvidas).  Mas mesmo assim não arriscaria congelar. A transferência em casos de embriões manipulados resulta melhor a fresco. O meu brilhante resultado veio estragar a estatística. Claro que o embrião correria um risco enorme na descongelação... é inegável. Embora este facto o Dr. disse que têm ótimos resultados em pessoas com a minha mutação. Não se lembra de nenhum caso que não tivessem "resolvido o problema". Ora eu já conto dois tratamentos... quantos seriam necessários?! Quanto a esta parte, esclarecida. Um dia poderia resultar... mas era preciso uma sorte do caraças.

Quanto ao facto de ter menstruado ao 7º dia após a transferência o Dr T. não sabe explicar porquê. Disse também que é um facto que o preocupa claro. Perguntei-lhe concretamente se havia alguma coisa que poderiam fazer para prevenir e ele respondeu que provavelmente não. Num próximo tratamento, se estivesse tudo bem hormonalmente, levaria uma dose extra de pregnyl no dia da transferência, mas haverá um risco enorme de hiperestimular. (Tudo boas notícias!). Também disse que só se voltar a acontecer é que será significativo. Claro que aqui concordamos que uma transferência não a fresco poderia ajudar. Mas o Dr. foi bem claro quanto a isso, com os meus embriões manipulados não dá para arriscar. 

Conclusão: para o Dr T. o caminho é este. No próximo tratamento (lá para abril ou maio) iria fazer o protocolo curto. Embora a parte da estimulação ter sido fantástica com o longo, devido aos valores hormonais no final, o Dr. queria tentar novamente o curto. Mas agora com o Pergoveris desde o início. Tá visto que a Gonal só me faz cócegas. Na parte lutea teríamos o acrescento do pregnyl no dia da transferência, caso os valores hormonais o permitam. A mim parece-me um ótimo plano. Mas era se quisesse seguir este caminho...

Continuamos a ter embriões (embora de excelente qualidade ao 5º dia) frágeis. O facto de a congelação estar fora de questão quer dizer muito... Isto quando temos embriões saudáveis. Não posso esquecer que na 1ª ICSi nem isso tivemos. Temos também o facto de em situações normais, o ideal para mim após esta experiência, seria transferir num ciclo diferente do ciclo da estimulação (para tentar prevenir a hemorragia precoce). Analisando tudo isto, a mim parece-me que o ovodoação continua a ser o caminho. Embriões não manipulados, e um endometrio sem estimulação. Talvez resulte... pelos menos é muito mais provável.

Quanto ao dgpi... não lhe fecho a porta. Correndo mal um tratamento com ovodoação, e se tiver força para tal, talvez volte aos meus óvulos. Mas agora preciso de experimentar outra coisa. 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Cenas de mulheres inférteis - Parte II

Se há uma coisa que a infertilidade nos dá, é a capacidade de saber esperar. E isto é um work in progress que nunca fica fácil (acho que fica mais difícil com o tempo até). Senão vejamos:

Espera pelas consultas.
E nisto de andar a correr para o médico, poucos nos batem. Primeiro são as consultas de diagnóstico, depois as consultas para mostrar e/ou fazer exames. Durante o tratamento propriamente dito são inúmeras as ecos. E no fim, corra bem ou mal, ainda temos uma última consulta de controle.

Espera entre as consultas.
E aqui introduz-se o fator ansiedade e nervos. Começa a ansiedade "será que está tudo bem" "será que vamos poder avançar no próximo ciclo". Tudo perfeitamente controlável até aqui.

Esperas durante o tratamento.
Primeiro a espera que os folículos estejam boas para puncionar. Esta espera até se leva na boa. Estamos absorvidas em emoção e a coisa vai-se levando até à punção. Após a punção começa a espera mais angustiante para mim. Saber se irá haver embriões para transferir. Em casos de dgpi como o meu, esta espera é verdadeiramente difícil. Arrisco dizer que é a espera pior, são "só" 4 dias mas valem por 4 anos. Finalmente, quando corre bem, existe a derradeira espera - a espera pelo beta HCG. Isto quando não somos surpreendidas antes com o red como eu fui. Depois existe a espera numa preparação de TEC. Esperar que o endometrio esteja no ponto. Mas sobre isso nada sei (ainda).

Espera que se inicie um tratamento.
Esta espera é a mais longa. É nesta espera que temos tempo para reflectir. Há dias que estamos otimistas e há dias de cão, em que nos apetece desaparecer para uma ilha deserta onde ninguém que nos rodeia esteja à espera de bebé. Onde as nossas amigas falem de outra coisa além dos seus maravilhosos rebentos ou de como é uma canseira esta coisa da maternidade. E aqui até nem me posso queixar muito... tenho o privilégio de ser seguida no privado onde as esperas são mais curtas. Mas mesmo assim a ideia da ilha deserta ocorre-me com bastante frequência. Tipo agora que me vejo em Bali com um gin tónico numa mão e um mojito na outra. Com menos 10 anos de preferência. (tão feliz que eu já fui).

Espera por uma doação de gâmetas.
Aqui estou eu, nesta espera que é uma estreia para mim. Pouco posso fazer a não ser ir vivendo um dia de cada vez o melhor que posso. Esperar pelo altruísmo de alguém que pode tornar a minha casa e a minha família mais feliz.

Esperar que corra tudo bem.
Na grande maioria do tempo não podemos fazer mais nada além disso mesmo. Esperar que corra tudo bem. Parece fácil, mas é bem difícil esta espera. É nesta espera que temos que nos superar dia após dia. Por vezes dou por mim a pensar como um ex-alcoólico ou ex-toxicodependente - mais um dia que passou em que venci. E para mim vencer é não entregar-me ao pessimismo e à tristeza. Aqui entra a arte disto tudo. Aprender a esperar tranquilamente e a viver um dia de cada vez agradecendo as coisas boas que temos.
Às vezes é difícil como o raio esta espera. 

domingo, 12 de fevereiro de 2017

1 ano

Oficialmente já passou 1 ano desde que esta história da infertilidade começou. Faz hoje 1 ano que tivemos a primeira consulta sobre este tema na IVI Lisboa.

Tantas emoções vividas, mais más que boas. Continuamos como começamos, apenas nós os 2.  Mais cúmplices que nunca, mas mais desgastados que nunca também. Começamos na IVI e espero que esta história acabe por lá. E o mais brevemente possível. 

Lembro-me que fomos jantar a um restaurante muito bom e bebemos um bom vinho. Nessa consulta foram-nos explicadas as opções que tínhamos (nunca nos falaram em ovodoação, isso veio mais tarde). Estávamos cheios de esperança que fosse correr bem, que iríamos conseguir ter um filho. Hoje continuamos com esperança... a mesma que tínhamos nesse dia. Mas também temos 2 tratamentos falhados para acrescentar à nossa história. Temos muito mais consciência das dificuldades. Ainda não consigo pensar que não vou conseguir dar um filho ao meu marido. Que Deus nos ajude neste próximo capítulo que temos pela frente.

Entretanto contactei a IVI para colocar a Drª. ao corrente da nossa situação e a perguntar se tinha alguma previsão para nós, uma vez que já se passaram 3 meses desde que ficamos em lista de espera, e ela informou-nos que o tempo de espera ainda é cerca de 1 mês e pediu-me que tomasse uma pílula de forma a ser mais simples de sincronizar o meu ciclo com o da dadora. Fiquei tranquila... o meu corpo precisa de algum tempo para se recompor e tive a certeza que o caso está encaminhado.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

As minhas opções

Como já referi tenho uma mutação num gene e existe 50% de possibilidade de ter um filho com a mesma mutação. Assim sendo, as minhas opções relativamente à maternidade são as seguintes: 

1. Engravidar naturalmente e esperar que a criança não tenha a mutação.
Basicamente fazer de conta que o problema não existe. Esta nunca foi uma opção para mim. Se quando eu nasci a minha família não sabia da mutação, eu agora sei. Não poderia viver com o facto de fazer um filho viver na indecisão. Ou então fazê-lo viver o que eu vivi quando fiz o teste genético. Simplesmente isso não é opção. 

2. Engravidar naturalmente (e aqui não sei se seria fácil ou difícil pois nunca tentei uma gravidez espontânea) e depois realizar amniocentese, que nos diria se o bebé tinha a mutação, e aí decidir o que fazer. Se houvesse mutação abortar.
Isto era possível mas eu não teria coragem de fazer um aborto. Ou então teria, mas depois não conseguia viver com isso. Acho eu... 

3. Recorrer a técnicas de PMA e realizar dgpi.  
Esta foi a minha opção até agora. Continuo a achar que é a melhor. 

4. Recorrer a técnicas de PMA com recurso a ovodoação.
Esta é a menos convencional. Mas será a minha próxima opção.

5. Simplesmente não ter filhos.
Pode muito bem vir a acontecer. Mas não será "simplesmente".


Como podem ver, além de estar em luta para não passar uma mutação a um filho, eu também terei de lidar com essa mutação. Mais ano menos ano ela roubar-me-à saúde. Muito provavelmente irei morrer a lutar contra essa doença e a minha esperança média de vida é menor. Sobre este assunto, mais nada falarei. Porque me custa, porque não estou preparada para falar sobre isso, e também porque este blogue é sobre a infertilidade.

Depois de dois tratamentos com dgpi falhados, está na altura de tentar outra coisa. Se obtivesse uma resposta à estimulação fantástica, tentaria mais uma vez. Mas isso não acontece. Tenho hiposensibilidade ao FSH, ovários pequenos e com tendência para ganhar quistos, e pode haver mais condicionantes que nem sequer sei. Jamais esquecerei que no primeiro tratamento não houve nenhum embrião saudável para transferir. Nada me garante não voltará a acontecer. Optar pela ovodoação, é uma opção racional. Aumenta as nossas chances de uma gravidez.  Primeiro porque existirão mais embriões para transferir (assim o espero) e depois porque os embriões que existirem serão de melhor qualidade. Não posso querer que um embrião onde são retiradas algumas células ao 3º dia seja tão "bom" como aqueles que não fazem biopsia embrionária. Se é possível engravidar com dgpi? Certamente que sim. Por esse motivo é que é uma técnica que existe. E é uma técnica fantástica. No meu caso, talvez alguma vez fosse funcionar, talvez não. Simplesmente não me posso dar ao luxo de adiar muito mais o desfecho da minha história.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Thanks!

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Serve este post para agradecer todas as mensagens que me mandaram nos dias difíceis que vivi a semana passada. 

Neste momento estou bem, estou conformada e a tentar viver um dia de cada vez. Por vezes é a única coisa que podemos fazer... viver um dia de cada vez e esperar que a vida decida por nós.

No dia 23 terei consulta de encerramento de ciclo na clínica (consulta essa que não me apetece nada ir, mas TENHO que ir) e talvez possa escrever mais um pouco sobre o que se passou pois sei que muitas meninas passam por cá para saber saber pormenores mais específicos sobres as nossas lutas para estarem preparadas para a sua própria luta, e eu naquilo poder, vou partilhando.

Mais uma vez obrigada por tudo e vão-me dando notícia vossas! 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Negativo

Como era mais que esperar.

Processo concluído.

2ª ICSI - Beta HCG

Análise feita.

Dizem que está pronta amanhã. Aposto que ainda hoje vou receber o resultado. Mas também pouca diferença faz ao caso. É impossível algum embrião resistir a tamanha hemorragia.

O nervosismo que pensei que irei sentir no dia na análise deu lugar a uma grande tristeza. Confesso que saí do laboratório com lágrimas nos olhos. Valha-me o meu marido. A força e segurança dele são determinantes para mim. Eu sei que ele faz tudo para eu estar bem. É só isso que me pede. E por ele eu esforço-me todos os dias para isso. Hoje, e nos próximos dias, será preciso um grande esforço, mas eu estou bem. Conformada. Afinal foi só a primeira transferência mal sucedida. Pode não querer dizer nada. Afinal de contas já estamos em fevereiro, e mais dia menos dia, ou mês menos mês, devemos estar a ser contactados pelo IVI. Por agora tenho que "lamber a ferida" e procurar informação sobre a minha próxima aventura: a ovodoação.

Obrigada a todas pelo carinho :)
Não imaginam como foram importantes para mim no dia de ontem.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Penso que ficamos por aqui

Agora de manhã já não era um pequeno sangramento.

Este tratamento já era. Acabou bem cedo...

Agora preciso de ganhar força para seguir em frente.

6º dia após transferência embrionária

E tudo estava na paz do senhor (embora sentido-me profundamente triste) quando chego a casa do trabalho e vou à casa de banho. Ao limpar saiu uma manchinha de sangue. Muito clarinha, muito discreta. Desde então sempre que vou à casa de banho, ao limpar o papel sai manchado. Perdoem-me a descrição.

Eu sei que pode ter sido a tão desejada nidação. Mas também pode ser o red a chegar. O meu início de menstruação é exatamente assim, começa discretamente, como a tal manchinha. Neste momento ou aconteceu magia no meu útero ou está prestes a acabar tudo. Desde então sinto um desconforto grande, tipo dores menstruais. Mas a verdade é que eu raramente tenho dores menstruais. 

Já chorei muito. Pode não ser nada de mal como pode ser. Mas neste momento estou calma e limito-me a separar pelos desenvolvimentos. Não há nada que eu posso fazer que vá mudar o resultado por isso... resta-me esperar.