sexta-feira, 28 de abril de 2017

TEC 1 - dia 0

Não faço ideia como fazer está contagem, só sei que hoje é o 5º dia do embrião e que está há algumas  horas no meu útero para ver se implanta. E isso é a parte boa... a transferência penso que correu bem apesar do meu estado de nervos. Não foi a primeira transferência, já devia saber como é... mas ao contrário do que muitas meninas acham, eu não acho propriamente indolor. Ou então são os nervos que não ajudam nada... 

Não posso dizer que correu tudo bem porque na verdade perdeu-se um embrião na descongelação. É pouco frequente mas a nós aconteceu. Claro... nós temos que passar por todas as dificuldades, todos os obstáculos. Só tenho medo que o próximo obstáculo seja aquele que até tenho medo de pensar e escrever - aborto. Só falta mesmo isso para teremos o kit completo de coisas que podem correr mal num tratamento de fertilidade. Mas agora não quero pensar nisso... é mais provável que nem sequer implante quanto mais o resto... mas a correr mal que não implante. Não me apetece mesmo nada passar por um aborto. 

Como a minha vida é sempre uma grande aventura, combinei com o meu marido sairmos às 12:30 do nosso ponto de encontro que seria em Gaia, de forma a chegar à IVI antes das 15h conforme seria suposto. Só que não foi possível... saímos do Porto às 13h e quando vi a hora prevista de chegada no GPS do carro 15:45h, e já sabia que se tinha perdido um embrião, fiquei cheia de nervos... nada corre bem connosco! (O meu marido lá me fez ver que não é bem assim... só mesmo ele para me aturar e acalmar).  La conseguimos recuperar 45min e chegar a Lisboa em 2h, só espero não receber nenhuma multa em casa... se chegar, que seja por uma boa causa. 

Chegamos à clinica às 15h em ponto, 15min atrasados... foi positivo. A transferência em si correu bem, mas confesso que quando vi o bloco da IVI fiquei cheia de medo (mariquinhas!!). A Dra. C. foi mais uma vez uma querida, explicou-me tudo direitinho e acalmou-me. O que me custa mais nas transferências é o xixi... é que eu sofro muito. Eu não preciso de muito para ficar com a bexiga cheia, resultado estava super hiper cheia e eu em sofrimento. Lembro-me que já na outra transferência aconteceu isto... na próxima não preciso de me preocupar com isso. Posso ir à casa de banho quando chegar à clinica que quando for fazer o acto médico de certeza que já estará cheia novamente. Tenho mesmo que me lembrar disto porque senão é mesmo difícil... pelo menos a Dra. disse que para o procedimento era o ideal. 15 mim de  repouso e está feito.

Agora já estou em casa com o meu cãozinho, meu amigo inseparável, o meu marido teve que cumprir os seus afazeres profissionais, e amanhã lá vamos nós para um fim de semana prolongado em família a kms daqui... vai ser ótimo para relaxar. Estou mesmo a precisar de uma pausa. Neste momento temos cerca de 55/60% de probabilidade de implantar... se estou otimista? Mais que ontem, mas mesmo assim não consigo acreditar que será desta. Se for desta, e com a minha sorte, será um autêntico milagre. Se fosse crente, começava já a rezar. Como não sou resta-me desejar com todas as minhas forças, estar prestes a realizar o meu sonho de dar um filho ao meu marido. 

quarta-feira, 26 de abril de 2017

State on mind

Eu considero-me uma pessoa forte. Não é presunção... conheço muita gente que não tinha passado metade do que eu já passei da mesma forma que eu. Tenho um diagnóstico de uma doença genética. Não sei se morrerei antes de sequer os primeiros sintomas dela, na verdade posso ter um acidente de carro, uma qualquer outra doença antes dessa e morrer de qualquer maneira. Perdoem-me a dureza das palavras, mas quando se vive com essa sentença, a morte deixa de ser tão assustadora e longínqua. Adiante... Graças ao meu marido, que até hoje não entendo como escolheu traçar este caminho comigo, ele diz que é o amor, eu digo que é alguma espécie de masoquismo que ele sente, mas graças a ele eu consigo viver o meu dia a dia relativamente feliz. Temos uma vida cheia de amizades (que eu tendo cada vez mais a afastá-los), e tirados os nossos pais que já faleceram, temos umas mães maravilhosas e uma família que é a nossa base, tanto a minha como a dele. Tenho muita coisa boa na vida, e até à bem pouco tempo, focava-me nisso e conseguia ser feliz. Mas agora é cada vez mais difícil. 

Hoje tive que partilhar com a minha entendida patronal que estou a fazer um tratamento. Tenho-me ausentado cada vez mais, pelo menos uma vez por semana tenho ido a Lisboa e isso implica faltar ao trabalho (ou de manhã ou de tarde) e o meu patrão tem o direito de saber. Se o vai partilhar com alguém, não sei... se o fizer é a abertura da caixa de pandora. Além de tudo, lá terei que dar satisfações aos meus colegas e terei que lidar (ainda mais essa) com a pena no olhar das pessoas. E por mais isso é que é cada vez mais difícil. 

Se esta TEC não funcionar terei que rever muita coisa na minha vida profissional. Até o meu trabalho saiu afectado disto tudo. E no fundo eu sinto que não vai funcionar. Poderia enumerar uma série de razões, umas mais racionais que outras, para achar que não vai funcionar, mas acho mesmo que não vai ser desta. 

E com tudo isto a pessoa forte que achava que era, perdeu-se algures neste último ano.

Quanto à TEC decidi (por opção e por falta de opção) que não irei fazer repouso nenhum. A TEC será sexta (se é que se vai realizar... só acredito quando tiver o embrião cá dentro) e sábado retomo à vida normal. Desta vez não haverá repouso para ninguém. Se não resultar não pensarei que é por causa dos 300 km que farei no dia da transferência, nem do fim de semana prolongado em viagem de família que terei (com a "aprovação" da Dra. C. claro está), nem do endométrio que a única medida que sei é que estava a 7mm no 10º dia do ciclo, nem do spotting na altura da ovulação que felizmente já parou, mas que vai voltar com certeza, nem por ser um ovócito doado, será simplesmente porque não teve que ser. É assim que uma pessoa forte pensaria, e é essa pessoa forte que eu quero voltar a ser e o meu marido merece que eu seja.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

O que define o dia de hoje... medo

Hoje ia cheia de nervos para Lisboa. Já há muito tempo que não sentia esta ansiedade. Ia preparada para tudo. Sabia quais os passos que se seguem... um endometrio que não reage a 2 tipos de estrogenios não (podia ser) seria coisa boa. Mas sabia que era importante este ciclo para a Dra. C. ter algum conhecimento do meu sistema reprodutivo.  

Lá estava eu mais uma vez naquela posição desconfortável da ecografia (já fiz mais ecografias que muitas mulheres a vida toda!) quando ouço a Dra. C. dizer " uff... hoje temos um endometrio perfeitamente normal. Já estava a ver que íamos ter que ir por outro caminho (exames e mais exames pensei eu...), mas ainda bem que está bonito. Não  temos um endometrio de 10 mas 7 para o dia de hoje é bem bom."  Eu nem queria acreditar... afinal isto naturalmente até nem está a correr mal. Saímos de lá com a transferência marcada para a próxima sexta feira. Hello?! Transferência marcada??? Nem acredito que vai mesmo acontecer... (ainda estou com medo que ele regrida, essa é que é a grande verdade!). Amanhã tenho que administrar Pregnyl às 22h para controlar a ovulação e domingo começo o tão malfadado Progefikk de 12/12h. Confesso que ainda nem acredito que isto vá andar para a frente... tenho tanto medo de criar falsas esperanças...

A Dra C. (e o meu marido) concluíram que provavelmente eu tenho um problema a nível de receptividade a algumas medicações. Parece que o meu útero não reage a estrogenios externos, o que aconteceu o ciclo passado foi que houve um mecanismo de Feedback negativo, no lugar de reagir favoravelmente ao Estrofen ou aos pensos, ao receber estrogenios externos ainda regrediu, basicamente o estrogenios externo inibiu o estrogenio natural, daí o péssimo desempenho. Neste momento o meu (anormal!!) organismo não quer nada com o Fsh (gonal) externo e com o estrogenio externo (estrofen e pensos transdermicos). O que me deixa sem opções... ou vai natural ou não vai. 

Hoje estou cheia de medo. Medo de criar falsas esperanças. Os 8 embriões dão-me confiança... não temos só uma chance. Temos 8... e isso parecendo que não é uma grande esperança. A conselho da Dra C. vamos transferir apenas 1. A Dra. recomenda 1 por causa do risco da gravidez gemelar (coisa que eu até gostava mas pronto...) e porque a taxa de sucesso desta transferência está nos 55/60% e ao transferir 2, passava para 75%, logo não aumenta significativamente a taxa de sucesso e o risco de gemelar é grande. Não fosse o facto de ser a primeira transferência de embriões com ovocitos doados e arriscava 2... assim não quero "desperdiçar" logo 2... pode haver alguma estranheza na 1ª transferência (o senso comum obriga-me a pensar assim). Vamos ver as cenas dos próximos capitulos.

Mas hoje é um dia feliz.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

I choose...

Pois que há uma semana atrás, com o início de um novo ciclo, renasceu uma (ténue) esperança em mim, neste momento a minha esperança que este ciclo tenha um desfecho desejável é aproximadamente... zero. E como desfecho desejável leia-se uma transferência. De preferência bem sucedida.

Isto de tentar fazer a  TEC em ciclo natural pode ser muito bonito, muito saudável, mas não é para mim. Comigo é só com medicação e da grande. Hiposensibilidade a uma série de coisas é cá comigo. Cá para mim na sexta vou sair da clínica na melhor das hipóteses com a prescrição de Gonal (ou algo do género) para fazer uma mini estimulação a ver se o endometrio cresce no próximo ciclo, ou na pior das hipóteses (e é isto que me parece mais provável) com a prescrição para fazer mais exames, tipo histeroscopia (já fiz uam há 1 ano atrás e estava tudo bem, mas isso foi antes de começar os tratamentos) ou algo que ainda desconheço desta, penosa, história da infertilidade. 

Neste momento tenho um medo enorme que nunca dê certo este tratamento. E já é tanto tempo, expectativa e também dinheiro, investido que começo a ficar cansada... e pode ainda faltar tanto. E posso nunca ter um filho. E não consigo pensar que o meu marido vai privar-se de ter um filho por me ter escolhido para sua esposa. E isso dói à brava...

quarta-feira, 12 de abril de 2017

I choose belive - preparação 1ª Tec

"The decision to believe is the most important decision you will ever make." -L. Whitney Clayton LDS Quotes #sharegoodness:

Às vezes penso que o meu humor é como as dietas iô iô. Ora sinto que nunca vou conseguir ter um filho e fico triste, ora penso que vai correr bem e sinto-me otimista. O problema de achar que vai correr bem é a desilusão ser maior quando correr mal. O difícil é estar otimista e consciente que pode (e é o mais provável) correr mal. Mas também não ganho nada em estar para aqui a sofrer por antecipação. O segredo é ir vivendo um dia de cada vez e agradecer tudo de bom que a vida me presenteia (embora às vezes seja bem difícil...).

Hoje veio o Mr. Red e começa assim a preparação para a Tec que desta vez consiste em não fazer nada e ver como corre. Dia 21 é dia de ecografia com a Dra C. Penso que a Dra. quer fazer assim para tentar perceber o meu corpo, e também porque é evidente que é mais natural e seria fantástico  se resultasse. Ainda não tive nenhuma experiência em relação ao comportamento do meu endometrio em ciclo natural (este será natural... mas o que acabou foi altamente modificado com a impedição da ovulação e depois o Provera precisamente para menstruar), por isso não sei o que esperar. Mas não me parece que vá correr bem. Ora... seria fácil demais. E comigo nada é fácil. Se correr bem, otimo, perfeito. Se não correr logo se vê... 

segunda-feira, 10 de abril de 2017

State on mind

Something will grow from all you are going through, and it will be you. - See more at: http://www.oursweetinspirations.com/life#sthash.KzIiQc7v.dpuf:

Adorava vir para aqui escrever em como me sinto cheia de esperança, em como estão uns lindos dia de primavera e a vida é tão bela.

Mas não é isso que me vai na alma neste(s) dia(s). Estou feliz, muito feliz, com os 8 embriões que temos na IVI. Mas a verdade é que os 8 embriões nada garantem. A caminhada ainda pode ser longa. Não quero nem pensar no que ainda pode estar para vir (ser informada é uma porcaria às vezes... adorava ser um pouco mais ignorante neste assunto). Existem alguns factos que me fazem crer que não vai ser fácil conseguir uma  transferência bem sucedida. Menstruar 7 dias após a transferência (embora faça 13 dias após a punção e ser +/- o normal de uma fase lútea), embora os médicos o justifiquem com a intensa estimulação a que fui sujeita, não pode ser normal. Nem pode ser normal a partir daí ter sempre algumas perdas ao longo do ciclo (são mesmo pequenas hemorragias... nada comparado com a menstruação, apenas por vezes um corrimento rosado, só isso), mas normal isso também não é. Muito menos será normal o endometrio não ter espessado neste ciclo. Na verdade desde o último tratamento apenas tive um ciclo normal (este sim com muitas perdas, mas esse até aceito que  seja consequência da estimulação), um ciclo com pílula (apenas 18 dias de pílula depois tivemos que interromper para preparar esta transferência), e este ciclo de preparação onde só começamos a preparar o pobre endometrio ao 4º dia da menstruação... é verdade que o pobre coitado tem sofrido grandes alterações hormonais... como irá se sair bem quando está todo baralhado?!

Aí entra o meu "drama". Será que devia dar algum tempo para esta trapalhada toda assentar? Será que devo avançar já no próximo ciclo? Pelo que percebi do contacto que tive com a Dra. C. vamos avançar no próximo ciclo (quando menstruar) em ciclo natural. Não sei muito bem o que isso significa mas penso que é sem medicação nenhuma ver como o endometrio se comporta no ciclo, esperar pela ovulação (ou provocá-la isso é que não sei), e se estiver tudo bem transferir 5 dias após a ovulação. "Se estiver tudo bem" é a questão. Não me parece que vá correr bem... será mais uma desilusão. Será mais uma a somar às outras. Isto pode tornar-se cada vez mais difícil daqui para a frente. Só espero ser forte o suficiente para aguentar isto tudo e ainda conseguir aproveitar tudo o resto que a vida me oferece. 

sábado, 8 de abril de 2017

Our lucky number

Is... 8!

Hoje foram 8 embriões congelados :-) a maioria com classificação maxima. Ainda ficaram mais 3 a ver como evoluíam até amanhã ou depois, mas o senhor que me ligou disse para não contar muito com eles. Eu fico muito feliz com os 8. Faz-me confirmar que tomamos a decisão certa de potenciar a nossa sorte recorrendo à ovodoação. Agora é só o meu organismo colaborar pois penso que o problema dos embriões está resolvido. Claro que nada está garantido, temos pela frente uma nova (é difícil) batalha que é preparar a TEC. 

E o medo que eu tenho desta nova parte... é tão grande!! Posso estar enganada mas penso que não será tarefa fácil. Agora vamos tentar em ciclo natural quando vier a menstruação, (ainda falta 2 dias de Provera e depois esperar que ela chegue). Eu estava tão calma e paciente... mas agora sei que tenho os meus potenciais meninos à minha espera... quero ir buscá-los o mais breve possível. A vida anda... e nunca serei mãe (se algum dia for...) antes dos 32 anos. Já começa a cansar esta jornada...

terça-feira, 4 de abril de 2017

Nem tudo são más notícias - update

14!

São 14 os ovócitos que estão bem fecundados. Ainda existe mais 1 que ainda está em observação. A senhora que me ligou (embriologista talvez) estava muito contente mas alertou-me para não me surpreender para o número de embriões crioperservados em estado de blastocisto ser bastante inferior a este. A prática da clínica é crioperservar ao 5º/6º dia já em estado de blastocisto pois a selecção dos melhores embriões já estará feita... A nós só nos resta confiar. E aguardar por sábado ou domingo para nos darem a informação final de quantos embriões ficarão à espera que o meu estúpido e incompetente corpo esteja pronto para os receber. 

Que enorme alegria! 
Sei que só devo bater palmas no fim da festa, que é como quem diz no sábado ou no domingo, mas caramba... neste percurso onde as más notícias são tão mais frequentes que as boas, hoje dou-me ao luxo de estar contente e confiante. 

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Nem tudo são más notícias

20!

Foram 20 ovocito puncionados. É isso é muito bom... agora vamos ver quantos se irão transformar em embrião. Aguardo, ansiosamente, o contacto da clinica amanhã. Não fosse o meu querido endometrio e era um dia feliz. Depois de falar com o Dr. Sérgio e com a Dra Catarina continuo otimista que vamos conseguir!! Só não sei é quando... mas se fosse fácil não era a minha história. 

Ciclo cancelado

Pois bem que me parecia que iria ter um novo problema que que se chama "endometrio".

Não cresceu e até regrediu. Assim não dá. Paciência.
O Dr Sérgio (que é uma simpatia, as meninas têm razão por o preferir a ele... embora eu adore a Dra. Catarina), diz que foi apenas um ciclo isolado. Nas estimulações anteriores não houve problema, os valores de estrogenio e progesterona estão normais, logo diz para não me preocupar. Claro que me preocupo, mas tenho que confiar neles que são médicos e fazem "isto" todos os dias. Vou tomar Provera a partir de hoje e durante 7 dias,  e aguardar o contacto da Dra Catarina para programarmos os próximos passos. Ainda me faltava a crioperservação antes da transferência... não podia correr bem antes disso. Já percebi que tenho que passar pelas dificuldades todas... não me safo de nenhuma! Só começamos a preparar o endometrio ao 4º dia do ciclo... secalhar foi isso. Ou então não... logo veremos o que a Dra. quer fazer.

Neste momento a dadora já fez a punção (não desistiu!!) e o meu marido já fez a sua contribuição. Agora é aguardar os angustiantes telefonemas na clinica. Pelo menos já não me preocupo para o "quando será a transferência", já sei que vão ser crioperservados ao 5º dia os embriões que chegarem lá. Com a sorte que nós temos aposto que vão ser pouquinhos.