Ontem foi a minha consulta on-line com a Dra. Catarina. Não se se agora é prática comum na clínica, nunca tinha tido uma consulta após um resultado negativo apenas para conversar com a médica. Deixem-me que vos diga, como já disse, que adoro a Dra. Catarina. Não queria um médico melhor para me acompanhar nesta luta.
Que posso eu dizer da consulta. A Dra. fica muito intrigada com as minhas perdas de sangue. Estando a tomar a dose máxima de progesterona não seria de esperar. É certo que desta vez eu aldrabei, quando tive as perdas comecei a colocar os ovos. Mas nem eu nem ela acreditamos que seja por baixa de progesterona. Não será algo hormonal. Pode ser inflamatório/ infeccioso. Nova histeroscopia não está fora de questão, mas já fizemos no passado após uma tec semelhante a esta e não houve nada a detetar. Basicamente este ciclo será um ciclo de observação. Quando menstruar tenho que relatar à Dra. se tive perdas e como foram. Se bem me lembro eu sempre tive estes spottings. O último papanicolau que fiz foi à 5 anos, está na altura de fazer novamente (a indicação do SNS é que seja feito de 5 em 5 anos). Talvez o faça antes da tec. A Dra. Não falou nisso. O que a Dra. sugeriu foi tomar um soro no dia da transferência para estabilizar o útero. Já li sobre isso no fórum de mãe para mãe. Como o meu útero já passou por uma gravidez é uma cesariana pode ter ficado mais instável. Também vamos aumentar a imunosupressao antes da tec. Sinceramente eu acho que a minha filha foi uma sorte que não terei novamente na vida.
Houve uma coisa que a Dra. disse que me deixou a pensar. Começou por perguntar como estávamos, se muito desanimados, e disse que nunca sabia bem como eu estava porque nunca demonstrava muito as emoções. Caramba!! Ela acompanhou-me nunca fase da minha vida em que estava completamente destruída. E não reparou. É verdade que eu sempre olhei para as coisas boas que tenho: o meu marido, a minha sorte grande, e (ainda) ter saúde. Quem tem que lidar com um diagnóstico como o meu, a minha doença genética, vê a vida de uma outra perspectiva. Mas não demonstrar que estava na merda, desculpem a expressão, é de uma frieza incrível. E eu não sou essa pessoa. Mas estava disposta a aceitar o que a vida tinha para mim. Assim como agora estou. By the way, a minha doença passou de “doença fatal a doença crônica com preservação da qualidade de vida.” A farmacêutica evoluiu e eu não poderia estar mais grata.
É muita carga emocional saber que é o meu último embrião. Poderia não ser. Poderíamos fazer nova doação, mas não está nos nossos planos. Saber que é o fim da linha é assustador. Principalmente numa altura em que as gravidez voltam novamente a multiplicar-se pelos nossos lados e eu volto a sentir aquela inveja... que vergonha de mim eu tenho. Nem sequer gostei de andar grávida, tenho a minha Alice que é a melhor coisa do mundo, mas volto a sentir alguma coisa. E não quero sentir coisa nenhuma. Lá estou eu a reprimir... mas é a minha maneira de encarar as coisas. Abrir a caixa de Pandora da infertilidade foi, está a ser bastante difícil. Eu estava muito bem, muito feliz e realizada com a minha vida. Agora volto a sentir muitas daquelas coisas pouco saudáveis que senti no passado. Quero encerrar este capítulo para voltar a reencontrar-me de novo.
Basicamente vamos ver se a tec será no próximo ciclo ou se a Dra irá sugerir algum exame. E eu estou disposta a aceitar o que a vida quiser para mim.