quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Today News

A TEC, tal como eu previa e não fico nada triste, não será este ciclo. O endometrio está "bonito" para esta fase do ciclo 8º/9º dia mas o foliculo dominante já tem 18mm, ou seja vou ovular antes que o endometrio esteja no ponto. A prova que após um aborto os ciclos ficam marados. Só espero que o próximo seja melhor.

Embora o protocolado seja fazê-lo após dois abortos, A Dra. acha importante fazer o estudo das trombofilias e como tal mal cheguei ao Porto fui fazê-lo. A prescrição ficou no laboratório mas quando tiver o resultado, por volta de dia 15/9, publico quais foram os factores analisados. Basicamente consiste em estudar se tenho algum problema de coagulação do sangue, incluindo a mutação no gene que causa esses problemas. Já me chegam de mutações nos genes!! Sinceramente não acredito que tenha nada disso, mas obviamente que fico mais sossegada fazendo essas análises e quem me dera que viesse algum valor alterado. Estava justificado e poderia-se evitar o mesmo desfecho da próxima vez. Se não tiver nenhum problema de coagulação resta-me acreditar que foi um infeliz acaso igual ao que acontece a tanta gente. Obviamente que na minha mente ocorrem problemas de compatibilidades e coisas mais maradas mas como diz o meu marido "deixa andar. Estamos a ser seguidos pelos melhores especialistas do país (não são os únicos, atenção!), fazemos os exames que nos aconselharem e deixamos rolar". E é isso que vamos fazer.  Também me ocorre que tenha algum problema no útero... iremos lá depois certamente. 

Hoje fui à IVI, pela primeira vez, com ansiedade zero. Sei que cada vez relativizo mais as coisas e isso só pode ser bom. Noutras ocasiões as notícias de hoje, adiar a TEC, seriam motivo para me deixar arrasada, mas se querem saber  no meu cérebro só ouço aquela música "I don't care". Por outro lado não consigo deixar de sentir uma enorme tristeza... e não é por ter adiado a TEC (eu sabia que ia ter que esperar, infelizmente actualmente tenho um conhecimento enorme do meu corpo), é pelo meu embrião que não evoluiu... E isso só com o tempo vai lá.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Diz que hoje

Vou dormir à capital. (Só ainda não sei a que horas chegarei lá mas isso agora não interessa nada.)

Amanhã tenho consulta com a Dra. C. logo de manhãzinha pelo que era impossível ir logo cedo. Acresce à despesa do gasóleo + portagem a despesa do hotel. Paciência. Todos os males sejam esses. Infelizmente não serão. 

A única coisa que espero realmente ouvir amanhã é que está tudo bem com o meu útero. A vontade que tenho de ir à consulta é praticamente igual a zero. Mas tem que ser. Terei que conversar com a Dra. sobre o que aconteceu. Mais uma vez enfrentar a realidade. Se pudesse fazia a TEC agora já neste ciclo, mas para isso teriam que estar reunidas as condições necessárias e não sei se isso será possível. Ainda por cima nas próxima semanas a Dra. não vai estar na clínica e eu acho que a prefiro a ela. Uma pessoa habitua-se.  No trabalho também não seria nada fácil faltar um dia na próxima semana. Basicamente se disserem para avançar, avanço. Se não for possível, paciência. Se aprendi uma alguma coisa com a perda gestacional é que adiar uma TEC e uma não implantação pode ser o melhor que nos pode acontecer. 

Este fim de semana foi o casamento da irmã do meu marido e foi bastante dolorosa e engraçada a "pressão" para quando os nosso rebentos. Chegou a ser hilariante... uma amiga da minha sogra, eu adoro a senhora, chegou a dizer-me que estava com cara de grávida. Eu só sorri... e pensei que tal dizer-lhe "só se for das hormonas ainda não estarem regularizada dado que está a fazer um mês que sofri um aborto". Imagino a cara da senhora. Ou então outra amiga da minha sogra dizer "fazem um casal tão bonito, os vossos filhos serão um sonho". E aí eu pensei responder-lhe "se por acaso um dia tivermos um filho vai ser tudo menos parecido comigo, terá que imaginar o meu marido com outra mulher qualquer". E com isto sobrevivi a um dia que tinha tudo para ser muito feliz (e foi feliz, que eu sou mais forte que estas tretas). As pessoas não fazem por mal... eu sei e por isso no sábado até me diverti com essas tretas. Mas também me dilaceram a alma ao recordarem-me constantemente a minha triste realidade. 

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Reflexões

A vida a seguir a uma perda gestacional (não gosto da palavra aborto) pode ser bem confusa... e dolorosa também, confesso. Mas é a confusão que mais me surpreendeu.

Hoje inicia-se a um novo ciclo menstrual e foi o dia que me comprometi a comunicar à minha médica da IVI a situação com o intuito de receber dela "instruções" quanto ao que devo fazer para preparar uma nova TEC. Mas ainda não lhe mandei mail. Nem sei quando irei mandar. Não é que não queria fazer a TEC (aconteça isso quando acontecer). Na verdade quero muito seguir em frente e ver no que "isto" vai dar. Mas estou presa na minha "nuvem", inerte na minha zona de conforto, a aproveitar este verão... que poderia estar a ser tão diferente... sem preocupações, sem limitações. Só que a dor (mais uma) acompanha-me sempre e não me resta alternativa senão aprender a conviver com ela. 

Por um lado estou otimista quanto ao futuro. Não posso ignorar que houve uma implantação, significa que o plano traçado resultou uma vez, pode resultar outra vez. Pode simplesmente não ter sido um embrião com viabilidade para progredir. Claro que me assombram uma série de outras possibilidades como incompatibildiades, as malfadas trombofilias, alguma incompetência do meu útero, sem lá quantas mais. Mas neste momento estou inclinada para me apoiar no infortúnio. Só o futuro me dará novos dados. Ainda sobram 5 embriões (caso sobrevivam todas à desvitrificação).  

Por outra lado, li à dias no forum de mãe para mãe, uma menina a dizer que o mais difícil é parar e aceitar que a maternidade não é para nós. Penso nisso tantas vezes, não poderia estar mais de acordo. Para as tretas da infertilidade ainda sou jovem, não me faltam recursos financeiros, quando devo entender que chegou o momento de virar a página? Já me lembrei disso tantas vezes... de virar a página. Obviamente que não posso fazê-lo enquanto tiver os 5 embriões, mas e depois? Falhas de implantação? Perdas gestacionais? Estas situações dilaceram-nos a alma. Nos dias seguintes à minha perda, acreditei que não queria passar por tudo novamente (nunca o confessei a ninguém... nem ao meu marido), e senti-me em paz. Em paz com grávidas, bebés, voltei a estar com os meus amigos e suas famílias felizes, Apeteceu-me tanto dizer à minha mãe para parar de sonhar com um neto... Mas nos dias de hoje voltaram-me a incomodar grávidas, bebés e famílias felizes, voltei a querer isso para mim novamente. Ainda não chegou a hora de virar a página. Só espero saber reconhecer quando essa hora chegar. É muito mais fácil esperar que estejam reunidas as condições para nova TEC do que não haver TEC nenhuma no horizonte. É muito mais fácil acreditar que vamos ser bem sucedidos do que encarar que acabou. 

Vamos ver o que a vida tem reservado para mim. 

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Nós por cá

I keep praying, believing and hoping, have been for years, so far nothing but silence from my Heavenly Father. I'm on the verge of giving up. 

Vamos andando... Nunca fez tanto sentido esta típica expressão tão portuguesa.

Nunca na minha vida me senti assim tão... sem saber o que sentir. Não vou dizer que a perda gestacional foi a batalha mais dolorosa que perdi, porque sinceramente já houve outras tão dolorosas como esta. Mas foi esta que levou toda a esperança que tinha em um final feliz. Essa é a verdade. Hoje não acredito que algum dia terei um filho. E com isto não vou dizer que dou por encerrada esta luta. Pretendo transferir os 5 embriões da IVI. Esgotando-os não sei o que farei a seguir... provavelmente será o encerramento oficial desta luta. Mas para já irei preocupar-me em reunir todas as condições para uma nova TEC. Lá para setembro ou outubro. Mas não acredito que volte sequer a ter um positivo.E isto é um sentimento bastante ambíguo...

Tenho notado grandes mudanças em mim. Até agora incomodavam-me gravidezes, bebés e famílias felizes. Sentia uma enorme pena de mim própria. Continuo a sentir... mas de uma  forma definitiva. Não são para mim. Está na altura de convencer-me dessa dura realidade e aproveitar as coisas boas que a vida tem para mim. Não sei se será maturidade... indiferença... tristeza... sei que é isso que sinto.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Show must go on

Ontem tive consulta de reavaliação e tive alta. Está tudo "limpo". Parece que o meu corpo foi super eficiente em seguir em frente... fiquei aliviada. Quem já passou por isto sabe que, quando sabemos que temos um embrião sem vida dentro de nós, só queremos que o pesadelo acabe o mais rápido possível. A médica que me atendeu ontem foi uma querida. Fiquei a saber que tinha direito a 1 mês de baixa paga a 100% (obviamente que não a quis... preciso de estar ocupada mais que nunca) e que aconselham 2 /3 meses para voltar a tentar uma nova gravidez. Também me disse que estas situações são muito mais frequentes do que se pensa e devem-se a uma aleatoridade... não sei se será bem asssim... já são tantos obstáculos, tantas contrariedades. Agora tenho que arranjar coragem para informar a Dra. C. e obviamente que ela sim irá dizer quando podemos pensar numa nova TEC. Não sei se quererá fazer algum exame nos entretantos mas agora só quero esquecer tudo isto. Obviamente que não estou preparada para pensar nisso...

Quero voltar viver o que existe na minha vida além da tentar ter um filho. Tudo isso está para segundo plano há muito tempo... o meu trabalho, as actividades que me dão prazer, a minha casa, até de cuidar de mim me fui esquecendo... mas mais importante que tudo, o meu casamento. O meu marido é a coisa mais importante do mundo para mim e nos últimos tempos só pensava em outras coisas. Agora quero aproveitar este tempo só para nós.

Obviamente que este aperto no peito que sinto não irá passar nos próximos tempos. Mas esta experiência ensinou-me algumas coisas... se voltar a conseguir em positivo não vou viver as coisas de mesma forma. Não adianta nada preocuparmo-nos... não desfrutarmos, viver com o coração nas mãos, porque não muda o nosso destino. Se tiver que correr mal, corre na mesma. (vocês avisaram-me na caixa de comentários... mas eu nunca relaxei e aproveitei... um sexto sentido talvez).

Muito obrigada a todas por estarem desse lado e sorrir e a chorar comigo... desejo-vos a todas melhor sorte que a minha e muitos, muitos sorrisos.