Mas caramba... custa tanto.
Eu sou boa a reagir perante as adversidades. Enfrento as situações e tenho como lema aceitar aquilo que não posso mudar. Eu já sabia que o pior no aborto não seriam aqueles dias... nem sequer os dias seguintes onde estive anestesiada e a lidar com a dor. Até foram bastante fáceis... aceitei que aconteceu e preocupei-me em seguir em frente. Sempre com o amor incondicional do meu marido.
Mas agora, agora que passaram 3 meses é quando dói mais. É quando a dor chega a levar-me às lágrimas no carro ou em casa quando estou sozinha. É terrível ir ao shopping e ver as coisas de natal. Eu não quero viver o natal este ano. Poderia ser tão feliz e vai ser o mais triste de todos. É muito difícil estar com bebés e grávidas (que mais uma vez parece que há um baby boom por aí). Sinto-me miserável e mais miserável por me sentir miserável. E o meu marido merece muito mais de mim. Merece que eu seja feliz. Mas caramba... não está nada fácil.
Estou prestes a fazer uma viagem que muitos gostariam de fazer, posso começar a preparar uma nova TEC quando voltar, mas só consigo estar presa a sentimentos tristes, a desilusões e frustrações, ao "agora poderia estar". E nem sequer estou muito preocupada com o futuro. Nem sei se a próxima TEC irá funcionar, nem sei se vai resultar a acabar da mesma forma que a anterior e eu estarei "oficialmente" a jogar no campo dos abortos. Obviamente muitas dúvidas me assombram... voltar a tentar um dgpi... será que com os meus ovócitos correria melhor?! O pior seria arranjar um normal. Tentar uma gravidez normalmente e fazer a amniocentese... afinal já sei o que é passar por um aborto.
Estou perdida de todo. Só espero que as férias tenham um efeito de reset na minha vida. Preciso de encerrar este capítulo antes que dê em maluca.