A nossa mente é deveras interessante. Desde o desfecho da última TEC que me mentalizei que se quero criar um filho este não seria o caminho. Já tentei, tentamos, muita coisa: óvulos próprios, óvulos doados, duas clínicas diferentes, com abordagens diferentes. Neste momento estamos naquela que considero a clínica mais vanguardista e com o tratamento mais vanguardista também. E nem assim resulta. Não acho que o problema esteja nos embriões, está em algo errado comigo. Não sei se naturalmente engravidaria facilmente ou não, pois isso não é opção para mim, para nós. Nunca será. Neste cenário a adoção começou a ganhar um espaço muito grande na minha lista de interesses. No fundo eu já estou a adotar óvulos e neste momento quero-os tão bem como se fossem meus, facilmente me entregaria de alma e coração a um filho adotado. Mas sei que esse não é um caminho fácil... não o considero mais fácil que este que estou a percorrer dos tratamentos de fertilidade. Também sei que o meu marido, embora também considere esse cenário, só pensará nele com "mais carinho" quando as portas da PMA se encerrarem. E assim sendo ainda faltam 4 embriões (caso sobrevivam todos à desvitrificação) para pensarmos realmente nesse cenário.
Mas começei este post por dizer que a minha mente é muito interessante. Passei dois meses a visualizar a minha vida sem filhos, pelo menos bebés e num futuro próximo. E encontrei imensas coisas boas na vida. Tenho um casamento feliz, a minha família mais próxima tem saúde, tenho imensos amigos (embora eu tenha afastado alguns recentemente como forma de me proteger, mas sinto uma enorme vergonha nisso e neste momento já estou a tentar corrigir isso), não adoro o meu trabalho, mas tenho um trabalho estável com pessoas incríveis, tenho uma situação financeira bastante confortável, tenho o meu patudo que amo do coração e quem sabe estarei prestes a ter uma nova patuda que fará da minha vida ainda mais feliz com certeza, já o disse mas tenho que repetir, tenho o meu marido que amo hoje mais que nunca e que somos imensamente felizes (mesmo com as mossas que a infertilidade e principalmente o aborto nos deixou). Embora tenha isto tudo, eu vejo-me a desejar mais que tudo que esta TEC dê certo. Estou cheia de medo dos próximos dias. Tanto que chego a ficar petrificada. Mas tenho que fazer a TEC... tenho que acreditar que vai correr bem. Porque eu quero que corra bem. Está muito difícil acreditar que vai correr bem, mas ao contrários dos dois últimos meses em que me convenci que iria correr mal, hoje estou a lutar para acreditar que sim, que pode correr bem. Vamos ver o que a vida tem reservado para nós.