Se tudo correr bem (nestas coisas nunca se sabe) amanhã irei transferir o 5º embrião resultante deste tratamento. Poderia voltar a falar no ridículo que isto em soa... mas não o vou fazer. É o que e pronto.
Confesso que esta noite dormi muito mal. Não sou de ferro, tem dias que as insónias e a infertilidade me assombram. A minha mente insistiu em transportar-me para os dias que procederão a TEC. Os dias onde irei viver em constante assombro. Sempre à espera de sangue... sempre na angustia. Vou novamente envelhecer uns anos no processo. E desta vez o desfecho é mais que previsível. Não será um corticóide (que por sinal me está a deixar parecer um peixe balão) e uma aspirina em baixa dosagem que irão fazer um milagre no meu útero hostil. É hostil e pronto. Nada a fazer.
Neste momento existem novas gravidezes para onde quer me vire. Em todos os grupos de amigos, na família... vou ser tia novamente. Os meus cunhados (irmão do meu marido) já têm 2 filhos, um resultado de uma fiv, outro um pequeno milagre da natureza, e agora terão outro novamente resultado de uma fiv. E nós cá continuamos a tentar contornar a natureza com corticóides e golpes de sorte. Sorte que eu não tenho. Por vezes penso que só terei paz quando reconhecer perante mim e perante os que me rodeiam que não vamos ter filhos e acabou. End of story.
Posso dizer que 90% de mim, da minha racionalidade, sabe qual será o desfecho. Sabe que não haverá milagre nenhum. O pior serão os restantes 10% que me obrigam a ter alguma esperança e depois do processo, quando voltar a fazer o beta HCG novamente já menstruada, me deixarão novamente a sentir a última pessoa dos mortais. Além de ter uma mutação num gene que me roubará qualidade de vida num futuro distante, mas não tão distante assim, a ciência permite-me ter um filho sem essa mutação, mas vejam bem a ironia.... o meu sistema imunológico não. A isto é o que eu chamo falta de sorte.