terça-feira, 18 de agosto de 2020

Situation point

 Ontem lá fomos ao IVI fazer um ponto da nossa situação.

Quem bom que foi rever a Dra. Catarina! Devo-lhe tanto... 

Os embriões continuam lá lindos e congelados, como seria de esperar. Estávamos um bocado apreensivos porque fizeram 3 anos em abril e supostamente deveríamos ter sido contactados para saber se pretendíamos prolongar a sua vitrificação ou decidir um outro destino para eles, e não fomos. A Dra. explicou que esse balanço é feito por uma entidade mais global, penso que em espanha, e que com a Covid está tudo atrasado. Certamente a conta será acertada depois, nada é de graça na infertilidade. 

Quanto ao anonimato dos dadores, outra questão que tínhamos, mantém-se tudo igual no nosso caso. Ou seja a lei do não anonimato dos dadores não teve efeitos retroactivos. As doações feitas anteriormente a maio de 2018 mantém as mesmas regras do anonimato. É o que faz mais sentido. A alteração à lei faz sentido, o que não faria qualquer sentido era ter efeitos retroativos. A Alice e um possível irmão só poderão saber quem fez a doação em caso de doença que o justifique. (Até me dói escrever estas palavras, porque espero mesmo que nunca seja necessário por esse motivo)

E pronto está tudo encaminhado. Fiz uma ecografia e está tudo em paz no meu aparelho reprodutor. Como estou a tomar a pílula isso seria de esperar. Já quando a parar é que será outra história. Vou fazer aquelas análises pre-concepcionais habituais e começar o gestacare quando quiser. Quando quiser fazer a transferência é só parar a pílula e marcar uma eco para 10 dias depois. Tudo tão familiar... assim como continua familiar a clínica, mesmo com as alterações covidárias. Em outubro a minha situação profissional irá se alterar (despedi-me para ter mais disponibilidade para a minha família e outros projectos pessoais... é verdade tornei-me a mulher que nunca me imaginei a tornar, mas a Ali é a minha prioridade e ser a última a sair do colégio estava a deixar-me doida, e não faria sentido pagar a uma empregada para fazer aquilo que eu posso, e quero, fazer). No final de outubro temos umas mini ferias agendadas, em portugal como tem que ser, e depois disso vou dedicar-me às tecs. 

Ainda tenho 2 meses para me mentalizar que vou embarcar nesta aventura novamente. Sei que não sou a mesma que era até ter a minha filha. Sinto-me muito mais forte emocionalmente. Já tenho o meu milagre, tudo que vier a mais será muito bem vindo. Mas se não vier, paciência. Vou tentar de tudo para que a Ali tenha um irmão para partilhar a vida, se isso não acontecer, não ficarei com essa mágoa.   


sexta-feira, 7 de agosto de 2020

A (in)fertilidade e o casamento

 Hoje vou falar sobre um assunto fundamental para quem passa pela infertilidade.

Quem acompanha o meu blog desde o início deve ter percebido o amor e adoração que sinto pelo meu marido. É de tal forma grande que um filho que tivesse apenas os seus genes era suficiente para mim. Agora que existe a concretização desse desejo, posso afirmar que nada se alterou. A Ali não tem os meus genes, mas ver nela características do amor da minha vida, é suficiente para mim. Como já partilhei por aqui, não queria mais nenhum filho que não fosse a minha Ali. 

Mas a verdade é que o meu casamento ressentiu a infertilidade. E só apercebemos-nos disso quando a Ali nasceu. E a grande responsável por isso fui eu. Vivi tão absorvida nos tratamentos, na gravidez, que esqueci-me do meu marido. Do amor da minha vida. Passou a ser um figurante nesta história. Para mim era um dado adquirido, um acompanhante nesta minha luta por um filho. E ele acomodou-se a esse lugar. A nossa intimidade limitou-se ao companheirismo. E claro que isso foi mau. 

A juntar a essa falta de intimidade, junte-se um bebé e uns pais de primeira viagem que passaram por tanto para o ter. O NÓS ficou renegado para sei lá que plano. Quando nos apercebemos, felizmente a tempo, não foi de um dia para o outro que conseguimos recuperar o sentimento especial que nos une. Mas conseguimos. E hoje voltamos a ser imensamente felizes os dois. E agora os três que é ainda mais especial. 

Escrevo este post porque penso que muitas pessoas passam por este blog quando estão a iniciar a jornada da infertilidade e porque acho importante alertar para que não se esqueçam de cuidar da vossa relação. Eu, em momento algum, pensei que o meu marido duvidasse do amor que sinto por ele neste processo. Mas a verdade é que eu esqueci-me dele, e ele duvidou. Quando a Alice nasceu pensou que como já tinha o grande objetivo da minha vida já não precisava dele e afastou-se emocionalmente de mim. Afastou-se quando finalmente estava eu disposta a inclui-lo. Tudo errado portanto. 

Hoje estamos bem. Muito bem. Ele disposto a passar pelos tratamentos de novo. Eu também. Conscientes do que passou e dispostos a passar por tudo de maneira diferente. Já temos a nossa Ali e na verdade não temos muita esperança que as tecs resultem. Mas temos que as fazer para seguir a nossa vida.