segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Obrigada 2018

Faz hoje exatamente 1 ano em que me senti numa tristeza profunda. 2017 foi um ano muito duro em termos de fertilidade, mas o pior de tudo foi a perda gestacional. Lembro-me que me senti numa tristeza e solidão profunda, mesmo estando numa festa cheia de gente. Estava com todas as pessoas que me são queridas, mas sentia um vazio imenso. Quando soou as 12 baladas, durante o fogo de artifício não consegui segurar as lágrimas... só o olhar cúmplice e doce do meu marido me valeu. Aquele olhar dizia-me que íamos ficar bem. E ali eu percebi que tinha que me preparar para aprender a viver com aquele vazio. 

Mas 2018 mudou o rumo da minha história. Hoje estamos em casa e não numa festa glamurosa. Apenas nós, os nossos cães, a minha mãe e o companheiro dela (aos 33 anos custa-me chamar-lhe padrasto, embora goste imenso dele e tenha a certeza que será o mais próximo de um avô que a Ali terá), e mais importante que tudo, o nosso tesouro a dormir tranquilamente à nossa beira. 

Serei eternamente grata a 2018. Foi o ano mais desafiante, mais emotivo e mais mágico da minha vida. Deixo uma mensagem de esperança para quem me segue e ainda não conseguiu mudar o rumo da sua história. Hoje podem sentir a tristeza e o vazio que eu já senti, mas não desistam de lutar por aquilo que vos fará mais feliz. 

Hoje sinto-me feliz e plena. Obrigada 2018. Obrigada Ali, meu embriaozinho lutador, obrigada por não teres desistido de lutar e hoje me permitires ser tua mãe. 

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Sobre esta coisa do parto e do pós parto

Quando se trata de um primeiro filho acho que não sabemos muito bem com o que contar durante e após o nascimento. Eu pelo menos não fazia ideia. Primeiro foram os tempos, anos, focados em engravidar, depois foram os 9 meses com medo que algo não corresse bem durante a gestação. Nunca, em momento algum, valorizei o que me iam dizendo sobre o parto, muito menos sobre o pós parto. No curso que fiz que preparação bem que a enfermeira referia para não nos assustarmos por sairmos da maternidade com uma barriga de 6 meses e para estarmos preparadas para as limitações físicas, principalmente após uma cesariana. Mas eu queria lá saber... nessa altura só estava preocupada que a minha Ali estivesse a desenvolver bem dentro de mim. 

Em relação ao parto, correu tudo maravilhosamente. Estava cheia de nervos como seria de esperar em mim. Não dormi nada de terça para quarta tal era o medo que algo não corresse bem, mas também pela emoção que seria conhecer a minha bebé. Apesar de tudo, nascer com 37s é diferente de nascer com 40, 39, ou até mesmo 38. Havia a forte possibilidade de ter que ir para a neonatologia. E estávamos preparados para isso. Felizmente não foi preciso. Mas foi por pouco... Foi tudo maravilhoso, a bebé chorou logo, com um peso ainda melhor que o esperado, tudo muito bem até começar a soluçar e aí o pediatra e a enfermeira parteira tiveram que intervir. Ainda bem que aquela gente sabe o que faz e rapidamente perceberam que talvez fosse a glicemia que estava baixinha. E assim foi... deram-lhe logo um biberão de leite e felizmente a minha lutadora bebeu tudo sem parar e rapidamente ficou normal, sem necessitar de neonatologia. É mesmo uma lutadora a minha bebé. Nascer é de facto um trauma para qualquer um de nós. Felizmente correu tudo bem após este pequeno susto e apartir daí pudemos desfrutar da nossa bebé. 

Quanto à recuperação da cesariana agora estou praticamente pronta para outra (ESTOU A BRINCAR). Quase uma semana depois continuo com os pés inchados, aliás não faço ideia do que vou calçar na quinta feira para o aniversário de um familiar. E achava eu que tinhas os pés inchados na gravidez... aquilo não era nada! A parte boa é que as mãos já estou normais e até já consigo usar a minha aliança de casamento. A cara ainda continua inchada também. Estou ansiosa que estes inchaços passem, mas tirando isso a coisa está a correr bastante bem. Na sexta feira vou ter consulta com a obstetra para ver como está o útero e a incisão cirúrgica. Felizmente não levei pontos. Não sei lá que técnica usaram mas a mim parece-me muito melhor assim. Mas no dia seguinte, no dia que escrevi o ultimo post, só me ocorria que fui bem inocente no tipo de parto que queria. Aquilo estava a custar... levantar da cama após 24h, o primeiro banho, foi muito complicado. Só pensava que estava a pagar por tudo que quis... mas hoje, volto a reconhecer que seria melhor assim. Eu não tenho cabeça para passar por um trabalho de parto. Depois pago a fava no pós-op. 

Agora a parte pior disto tudo é mesmo olhar-me ao espelho e não gostar mesmo nada do que vejo. E não estava preparada para isso. Estava tão foçada no bem estar da bebé que não me preparei emocionalmente para o que aí vinha. Obviamente que a barriga já está melhor que nos primeiros dias, mas mesmo usando uma faixa, está a anos luz que estar como eu pensei que fosse ficar após o parto. Além de não saber o que calçar por causa dos pés inchados, também não sei o que vestir! Praticamente não comprei roupa de grávida porque a barriguinha ficava bem com roupa justa... mas e agora?! Roupa justa está fora de questão... além disso, estando a amamentar, temos que usar roupa que facilite essa tarefa. Ou seja, não é fácil. Fisicamente sinto-me uma lástima. Obviamente que o facto da bebé estar bem, já conseguir cuidar dela, e ver o amor que o meu marido sente pela sua menina, faz tudo parecer insignificante. E é. Eu é que deveria estar melhor preparada para isto. Com o tempo voltarei a sentir-me bem comigo mesma... para já é ir sobrevivendo. 

O que ainda não disse, e mais importante que tudo, é o amor que sinto pelo meu embriaozinho lutador.... é arrebatador este sentimento. Ainda nos estamos a descobrir, mas eu adoro esta bebé mais que tudo. Até os meus cães estão encantados. Não saem da beira dela. Sou uma felizarda com esta família que hoje tenho. O meu amor... o homem da minha vida, os meus patudos que adoro e tornaram os caminhos da infertilidade mais doces de percorrer, e a minha Ali. A minha bebé que não tem os meus genes, mas tem o meu amor e a minha dedicação para toda a vida. 


quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

12.12.2018

O dia que irá mudar a nossa vida para sempre.

Antes de mais gostaria de agradecer todo o carinho que tenho recebido de vós através deste blog. A caminhada foi mais fácil por vossa causa. Obrigada do fundo do coração.

A Ali nasceu ontem às 9:45h da manhã com 3,100kh e 48cm. Muito bom para um bebé com 37s2d. Até agora está a correr tudo bem. É uma bebé muito calminha. Um doce. Nem tenho palavras para defenir toda a emoção que sinto. Estamos realmente muito felizes e de coração cheio. 

Em breve farei um post onde contarei mais pormenores e sobre esta coisa do parto. Foi cesariana conforme eu queria e como teria que acabar mesmo por ser por termos que antecipar o parto. Mas agora a recuperação está a custar mais do que aquilo que estava a contar. Mas ainda só passaram pouco mais de 24h, espero que apartir de agora seja sempre a melhorar. 

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

E o grande dia está prestes a chegar

Será amanhã, daqui a pouco mais de 12h, que a nossa vida irá mudar para sempre. 

Se é o que queríamos? Não. 37s2d não é o ideal mas as malvadas das tensões já estão-me a causar danos na função renal. Neste momento cada dia a mais é mais perigoso para mim do que benéfico para a bebé. Ela está ótima, quase 3kg, e embora tenha muitas contrações e o colo do útero já tenha menos de 20, aguentaria perfeitamente mais 1 semana. Mas não vamos arriscar um quadro verdadeiro de pré-eclampsia. Obviamente que a minha mente me leva para estados de culpa: para engravidar foi o que foi, e agora a bebé vai nascer mais cedo que o suposto porque, mais uma vez, o meu organismo não está a colaborar. Mas não depende de mim... mesmo sabendo que pouco interfe há semanas que deixei de comer o que quer que seja com sal, repouso o máximo que posso... não poderia ter feito mais. 

Agora vou concentrar-me na emoção que será conhecer a minha bebé e na nova vida que começa para a minha família apartir de amanhã. Já me preparei para a possibilidade de haver uns dias na neonatologia (embora tenha esperança que não seja necessário). 

Estas 3 últimas semanas foram complicadas por causa das tensões... foi literalmente viver uma semana de cada vez. Conseguimos chegar às 37. Já não é um bebé prematuro, embora obviamente que não há a tranquilidade das 38 semanas. Foi muito importante o acompanhamento pré-natal rigoroso que fizemos nas últimas semanas... ontem não é que as tensões estivessem muito altas, mas a Dra. teve o feeling que deveria fazer as análises e não é que de facto foram detetadas alterações! Hoje ainda tomei uma injeção de corticoides por precaução e agora só nos resta esperar que corra tudo bem amanhã! 

Torçam por nós :) E muito obrigada por estarem a escrever a minha, a nossa Fairytale connosco. Mal possa venho dar novidades.

domingo, 9 de dezembro de 2018

Hora de agradecer

Agora que a gravidez está a terminar, sinto necessidade de verbalizar alguns agradecimentos. Em primeiro lugar ao meu marido, ao amor da minha vida. Já aqui o partilhei imensas vezes o que o amor dele representa para mim. Foi graças a ele que chegamos até aqui, mas sem a força, racionalidade e acima de tudo sem o amor dele não teria conseguido lutar contra sentenças tão dolorosas como as que  me deparei nos 3 últimos anos, a começar pela confirmação da minha mutação e a luta que isso nos obrigou a travar contra a infertilidade. Não tenho dúvida nenhuma que será um excelente pai e a Ali uma sortuda por o ter.

Em segundo lugar tenho que agradecer a todos os médicos, e outros profissionais que fui-me cruzando neste percurso. A começar pelo Prof. Alberto Barros e a sua sensibilidade, mas dando especial destaque à Dra. Catarina Godinho da IVI. Não ficamos “amigas”, não sou esse tipo de paciente nem ela esse tipo de médica me parece, mas foi graças à orientação e conhecimento científico dela que fomos contrariando as adversidades. Foi a médica que eu precisei e vai ficar sempre no meu coração. A nossa história ainda não terminou... ainda temos lá 2 embriões, mas mesmo que ficássemos por aqui, ser-lhe-ei sempre grata. Neste capítulo não posso deixar de agradecer à obstetra que, praticamente aleatoriamente, escolhemos para seguir esta gravidez. Não a trocaria por nada. Esta sim, muito mais no perfil de “doutora querida”, sempre preocupada e atenta. Além disso ajudou-nos em tudo com a questão da confidencialidade da doação. Sem julgamentos, apenas com carinho e atenção. 

Para terminar, mas mais importante que tudo, tenho que agradecer à dadora do ovocito. Não faço a mínima ideia quem é, nem quais foram as suas motivações para fazer a doação. E ainda bem que assim é. Pode ter sido puro altruísmo, como o € que a clínica paga ter-lhe feito jeito, não faço ideia. Mas uma mulher que se sujeita a uma estimulação hormonal, tem sempre que o fazer com algum altruísmo. E a mim só me resta agradecer-lhe tal generosidade e assegurar-lhe que esse seu acto me proporcionou uma enorme felicidade é que farei sempre tudo o que poder para que, pelo menos este bebé, seja sempre muito amado e muito, muito feliz. 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

36 semanas

Passito a passito lá vamos caminhando...

Por orientação médica, já não nascerá antes das 37 semanas. Se resolver nascer isso já é outra história. Mas essa não pudemos controlar. A situação das tensões está estudada, e embora tenha que continuar a medi-las todos os dias, estas duas semanas de estudo (medições + análises) descansaram imenso a médica. Eu tenho provavelmente uma situação de hipertensão de base. Nada preocupante. As minhas tensões não passam do limite, mas estão ali borderline. Mas não é um quadro de pré-eclampsia. Isso está descartado pelas análises da função hepática, renal e mais uma série de coisas que tenho testado nas duas últimas semanas. E também pela constância nos valores das tensões. Estão sempre iguais... qualquer alteração devo comunicar à médica mas ela também nos confessou que ficou mais preocupada pelo meu historial: mãe com pré-eclampsia. 

Quanto à isso estamos de facto mais descansados, mas o meu corpo continua a dar sinais que está para breve. E a médica diz que ainda bem. No CTG verificam-se várias contrações (que não são acompanhadas de dor, mas estão lá), e o rolhão mucoso (aquela coisa fantástica) já começou a sair. Na verdade estava um pouco preocupada pois nesta última semana o corrimento vaginal intensificou-se. Não precisei de descrever à médica do que se tratava porque ela própria o fez o disse que era normal nesta altura. Hoje voltamos a não medir o colo do útero pois a Dra. prefere não andar lá a mexer para não o estimular. Mas na próxima semana vai medir de certeza para decidir se nasce para a semana, ou dia 19 tal como tínhamos combinado (que seria o ideal). 

Hoje a Ali pesava 2750kg. Embora todos os fluxos estejam bem, a placenta praticamente não estar envelhecida, em duas semanas aumentou 250g o que não é muito. Mas não é preocupante. Segundo a médica tudo que possa crescer cá dentro é melhor. E estando a situação das tensões estabilizada não existe motivo nenhum para não a deixarmos continuar lá dentro até dia 19. 

Eu confesso que já estou bastante cansada... e enorme. Até agora engordei 13kg... não era o que eu queria mas pronto, todos os males sejam este. O que me custa mais é não ter posição para estar sentada, e coisas básicas como fazer o jantar ser uma tarefa hercúlea. Estou em rendimento mínimo e contenção de energia eheh. Isso e a azia que resolveu chatear-me agora no fim. Eu que pensei que me tinha safado dela enganei-me... Tirando tudo isso, só posso estar grata pela forma como a gravidez decorreu até aqui e, se é que posso pedir mais alguma coisa, que chegue rápido dia 19 para ter a minha princesa comigo... e na altura certa.

sábado, 1 de dezembro de 2018

Welcome december

Aconteça o que acontecer, este dezembro vai mudar para sempre as nossas vidas. 

Até agora sempre foi um mês agridoce para mim. Obviamente que gosto do Natal, adoro o que o Natal representa. Mas também já sofri duras perdas na vida, retiro-me ao meu pai que partiu precisamente neste mês. Vejo a chegada da Ali neste contexto como um presente que o meu pai manda para mim, lá de onde ele estiver. 

Neste momento mantenho-me serena, mas também ansiosa para conhecer a minha bebé. Confesso que por mim já está bom. Foi bom andar grávida, melhor do que alguma vez imaginei, mas agora os desconfortos e o medo são mais que muitos. São as tensões que me preocupam, embora não tenha havido nenhuma alteração, são as contrações que vieram para ficar, não tenho posição para estar sentada, sinto dores pélvicas de vez em quando, se a bebé fica umas horas sem mexer fico em pânico, canso-me imenso... e tenho saudades de mim antes de estar grávida. Saudades de usar a minha roupa, saudades de tratar de mim,  saudades de me arranjar, de sair para um jantar agradável com o meu marido ou com amigos sentindo-me... bonita. Não me estou a queixar... espero que não me interpretem mal. Esta gravidez foi a maior benção da minha vida. E aí até às 28 semanas sentia-me muito bem fisicamente, mas agora é complicado. Foi bom, mas agora já chega. Obviamente que se Ali estiver bem e aguentar até às 38 semanas é isso que irá acontecer pois o bem estar da bebé é o mais importante, mas se tiver que nascer antes estaremos aqui para a receber com todo o nosso amor e prontos para começar a nova e desafiante etapa que se iniciará com a sua chegada. 

(E já só faltam 12h para o meu marido chegar e tudo ficar mais fácil...)