terça-feira, 1 de agosto de 2017

Show must go on

Ontem tive consulta de reavaliação e tive alta. Está tudo "limpo". Parece que o meu corpo foi super eficiente em seguir em frente... fiquei aliviada. Quem já passou por isto sabe que, quando sabemos que temos um embrião sem vida dentro de nós, só queremos que o pesadelo acabe o mais rápido possível. A médica que me atendeu ontem foi uma querida. Fiquei a saber que tinha direito a 1 mês de baixa paga a 100% (obviamente que não a quis... preciso de estar ocupada mais que nunca) e que aconselham 2 /3 meses para voltar a tentar uma nova gravidez. Também me disse que estas situações são muito mais frequentes do que se pensa e devem-se a uma aleatoridade... não sei se será bem asssim... já são tantos obstáculos, tantas contrariedades. Agora tenho que arranjar coragem para informar a Dra. C. e obviamente que ela sim irá dizer quando podemos pensar numa nova TEC. Não sei se quererá fazer algum exame nos entretantos mas agora só quero esquecer tudo isto. Obviamente que não estou preparada para pensar nisso...

Quero voltar viver o que existe na minha vida além da tentar ter um filho. Tudo isso está para segundo plano há muito tempo... o meu trabalho, as actividades que me dão prazer, a minha casa, até de cuidar de mim me fui esquecendo... mas mais importante que tudo, o meu casamento. O meu marido é a coisa mais importante do mundo para mim e nos últimos tempos só pensava em outras coisas. Agora quero aproveitar este tempo só para nós.

Obviamente que este aperto no peito que sinto não irá passar nos próximos tempos. Mas esta experiência ensinou-me algumas coisas... se voltar a conseguir em positivo não vou viver as coisas de mesma forma. Não adianta nada preocuparmo-nos... não desfrutarmos, viver com o coração nas mãos, porque não muda o nosso destino. Se tiver que correr mal, corre na mesma. (vocês avisaram-me na caixa de comentários... mas eu nunca relaxei e aproveitei... um sexto sentido talvez).

Muito obrigada a todas por estarem desse lado e sorrir e a chorar comigo... desejo-vos a todas melhor sorte que a minha e muitos, muitos sorrisos.

6 comentários:

  1. Olá querida!
    Fico muito aliviada de ver que aconteceu rapidamente e sem complicações de maior, numa altura destas é mesmo tudo o que pedimos para podermos encerrar o processo. Fechar o ciclo.
    Acho que fazes bem em fazer uma pausa "mental" e focar-te nas coisas boas, embora nunca nos consigamos desligar completamente desta selva que é a infertilidade. No entanto, as pausas sabem bem. Eu tenho sido um pouco obrigada a estar em pausa ultimamente e honestamente não me apetece nada voltar a lutar porque não acredito em nada, então, para quê?
    Estas experiencias marcam-nos para sempre e a minha experiência é nada/zero comparada com a tua, mas raro é o dia que não pense nisso, em que não me recorde daqueles dias de milagre. Honestamente acho que uma gravidez de alguém vindo da infertilidade nunca é vivida da mesma forma. Há muito conhecimento, há muitos medos, muitas etapas para ultrapassar na nossa cabeça. Há muito passado.
    Um grande beijo guerreira! Cuida de ti!

    ResponderEliminar
  2. Um aborto espontâneo é algo muito mais comum do que se pensa. Quando estás em tratamentos tens conhecimento da gravidez muito mais cedo do que a maioria das mulheres teria e acabas por saber tudo mais cedo também... Claro que sabendo e tendo sido um processo tão difícil o de conseguir um positivo custa ainda mais a assimilar e aceitar, mas tens imensa força e vais conseguir ultrapassar o que seja.
    Beijinho grande e aproveita para namorar muito...

    ResponderEliminar
  3. Infelizmente cá estou para falar novamente da minha experiência: também com TEC feita na IVI e um positivo ao final de 3 anos de espera, as más notícias vieram numa ecografia que fiz quase às 8 semanas. Depois uma outra ecografia quase às 9 semanas para confirmar que já não havia batimentos cardíacos do embrião e o conselho para esperar pelo menos mais uma semana para que o corpo reagisse. Assim o fiz. Pensei que me fosse custar mais saber que carregava dentro de mim um embrião já sem vida mas tal não aconteceu porque afinal era o MEU embrião, que tanto tinha desejado e que já começava a amar. Felizmente não precisei de comprimidos, o meu corpo fez tudo por si e, tal como tu, ficou tudo limpinho!
    Contrariamente ao que é indicado pelos médicos, quis fazer desde logo o exame das trombofilias (o que me obrigou a esperar 3 meses porque é o tempo média de espera para que não venham depois valores alterados).
    Em Maio fiz consulta de ginecologia de rotina com o meu médico que me acompanha desde os 18 (não me foi colocada qualquer restrição em termos de tentar nova gravidez).
    Em inícios de Julho fiz a colheita de sangue para as trombofilias, fui de férias e entretanto já marquei nova consulta na IVI para ir à luta outra vez.
    Cada pessoa tem o seu timing, mas tenho a certeza que vais conseguir ultrapassar mais este obstáculo.
    Realmente não ajuda a relaxar a monitorização constante a que somos sujeitas com análises de sangue e ecografias mas todas esperamos que no final, tudo isso tenha valido a pena.
    Agora é altura de fazer o luto para despois de te levantares e seguires em frente com o vosso sonho!
    Um beijinho grande e muita força e coragem (não estás sozinha!).

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada pela partilha Maria João... estamos no mesmo barco agora... vamos lá ver se chegamos a bom porto :-)

      Estou a pensar fazer o estudo das trombofilias também... vou ver o que a Dra. Catarina vai dizer (ainda estou a ganhar coragem para lhe contar). Esperar 3 meses para poder fazer as análises é que me preocupa... não sei se terei serenidade para esperar. Neste momento ainda estou muito confusa... uma parte de mim está cansada de tanta luta, pondera esperar... desistir. Mas outra precisa se seguir em frente... saber quais são as opções que tenho, o caminho a seguir...

      Só espero um dia olhar para trás e ver que tudo valeu a pena... sempre disse que enquanto não me disserem (algum médico) que é impossível, iria lutar para que o meu marido tivesse um filho. Mas é tão difícil às vezes...

      Vai-me dando notícias tuas, torço muito para que corra tudo bem!

      O meu marido costuma dizer "não pode correr sempre tudo mal connosco, um dia vai chegar a nossa vez". Assim o espero...

      Eliminar
    2. Agora deves estar a passar e a viver por um turbilhão de sentimentos e não será a melhor altura para decisões. Saberás quando for a altura de seguir em frente: quando a perspectiva do que pode vir no futuro pesar mais na balança que esta dor que sentes agora.
      Se seguires o conselho que te deram (ao contrário de mim, que nunca me aconselharam a esperar por x tempo para voltar a engravidar mas eu quis sempre esperar pela primeira menstruação seguinte ao do aborto) acabas por perfazer 2/3 meses que é quase o tempo de espera para fazer as trombofilias mas todos os médicos (incluindo o meu, o Dr. Sérgio) vão-te dizer que geralmente esse exame só é solicitado quando há pelo menos 3 abortos (mas na minha óptica joguei pelo seguro e preferi fazer logo) por isso terás, mais uma vez, que ver o que pesará mais na balança. Eu vi estes 3 meses como o tal período para descontrair, esquecer-me um pouco e desligar-me dos tratamentos e soube realmente bem e agora sinto-me com mais forças para recomeçar. Mas tal como disse, cada pessoa tem o seu timing.
      Por me rever tanto em ti, naquilo que também se passou comigo, fico a torcer muito pelas duas e acredito muito que a nossa vez vai chegar!
      O teu marido tem toda a razão, vale a pena acreditar nele :)
      Um beijinho grande :)

      Eliminar
    3. Tens razão... neste momento não sou capaz de tomar decisões. Limito-me a viver o dia a dia da melhor forma que consigo. No meu caso uma gravidez natural nunca é opção... por causa do meu problema genético. Teoricamente até nem teria problema em engravidar, mas isso não é opção para nós, logo com tratamentos claro que é preciso esperar um pouco para estabilizar. Aliás a nossa cabeça também precisa de estabilizar depois do que passamos... realmente tenho que informar a Dra. Catarina e ver qual a opinião dela e depois ver o que fazer... esta pausa realmente acaba por saber bem, damos uma trégua a nós mesmas... e depois vamos à luta! Não podemos desistir sem antes lutar tudo que podermos :-)

      Beijinho grande

      Eliminar