quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Cenas de mulheres infertéis IV

Desta vez não é cenas de mulheres, mas de casais inférteis que isto (infelizmente!) é um problema do casal.

Assim de repente, posso dizer que me apercebo que 3 ou 4 casais das minhas relações, não amigos próximos que a esses não lhes assiste estes problemas. Estava a escrever este texto e a lembrar-me de um amigo meu, próximo, que partilhou à dias em conversa que já está desde o início do ano a tentar ter o segundo filho e até agora nada. Caro que foi no meio daquela conversa fantástica "E vocês estão à espera de quê?", ao que eu respondi "Que chova!" e ele entendeu da maneira que quis. Também soube que um primo do M. demorou anos a conseguir, o meu cunhado também teve que ser FIV o primeiro filho. A infertilidade está por todo o lado. Fica é dentro das paredes de nossa casa, como se de algo precioso se tratasse. Só quando o objetivo é alcançado é que se consegue falar publicamente disso. Mas já estou a divagar. Este post é sobre os comportamentos, tão evidentes para nós que também os temos, de casais que lutam para ter um filho. 

Têm casamentos felizes.
Se um casamento sobrevive a anos de infertilidade, sobrevive a tudo. Ou quase tudo. A infertilidade é uma prova de fogo para qualquer casamento. É como a selecção natural, só os mais fortes sobrevivem. Felizmente posso dizer que esta treta toda só tem fortalecido o meu casamento. Mas o futuro só Deus sabe. 

Têm um animal de estimação. 
Chamem-lhe consolação, chamem-lhe o que quiserem. Mas se um casal, casado a vários anos, adota um animal de estimação (principalmente quando algum deles antes era relutante), podem desconfiar que a infertilidade anda por lá a fazer das suas. O meu cão é um dos responsáveis de eu ainda andar para aqui a sorrir como se não houvesse amanhã. Sem ele seria mais difícil. 

Deixam de viajar como viajavam.
Adivinhem porquê? Têm que gastar o dinheiro em outras coisas. Ou então, o nosso caso, dando prioridade aos tratamentos e não podendo marcar férias de um dia para o outro, acabamos por andar entre tratamentos e torna-se difícil realizar as viagens planeadas. A vida fica mesmo em suspenso.

Espero que não se revejam neste post. Seria um ótimo sinal. 

8 comentários:

  1. Revejo-me principalmente no primeiro ponto. Não que a relação com o meu companheiro seja perfeita (e ainda bem que não é porque a perfeição não existe). Temos os nossos altos e baixos, como em qualquer relação, mas sem dúvida que, enquanto casal, temos saído mais fortalecidos e unidos devido à questão da infertilidade. A dita cuja também nos traz alguns problemas mas acho que temos conseguido superar os momentos menos bons que a infertilidade nos traz.
    Tal como tu, também apanhei as pedrinhas todas e o aborto foi mesmo um grande calhau no caminho e isso também nos uniu mais.
    Quanto às viagens, felizmente, temos conseguido conciliar com os tratamentos (eu tenho umas mini férias marcadas para o final de Outubro que, segundo as minhas contas iriam bater com a data duma futura transferência mas decidi não cancelar porque a vida é curta e não podemos resumir-nos somente à infertilidade).
    Quanto aos animais, totalmente de acordo, conheço alguns casais que arranjaram animais de estimação numa tentativa (ainda que inconsciente) de "substituição" mas foi algo que eu e o meu companheiro sempre acordámos: não arranjar um animal, pelo menos nestas circunstâncias.
    Tenho igualmente conhecimento de situações como as nossas no grupo de amigos, vizinhos, colegas de trabalho. Espero que um dia este assunto deixe de ser tabu (porque se trata dum problema de saúde como outro qualquer) e que possa haver uma maior partilha entre os casais e a sociedade sobre este assunto, para que aliviemos o peso que carregamos em cima.
    Um beijinho :)

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    1. Eu não tenho coragem de adiar os tratamentos... são tantos os adiamentos necessários que não consigo adiar quando depende de mim... e gostaria de ter. Porque só faz bem... parece um vicio lol

      Quanto ao cão... sou tão mais feliz com ele na minha vida. Ajuda-me imenso, principalmente quando passamos por aqueles momentos terríveis que nos tiram o chão, como o aborto por exemplo.

      Já temos que lidar com tanta coisa que não há necessidade de lidar com a pena das pessoas . Ouço cada coisa, como "a culpa é dela". Não entendem que essa mulher já se sente uma nulidade completa... enquanto me puder poupar a esse crueldade, poupar-me-ei...

      Beijinho grande
      Como correu a consulta com o Dr. Segio?*

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    2. Só poderemos ultrapassar esses preconceitos e essas atribuições de culpas quando o assunto começar a ser mais falado, pelo menos é esse o meu ponto de vista. E quando começar a ser encarado com um problema de saúde como os outros, quiçá as seguradoras de saúde se verão obrigadas a comparticipar as despesas que o casal tem.
      A consulta correu bem, foi apenas um resumir do nosso historial e para dar uma palavra de confiança e esperança. E lá está, ele é da opinião que os casais não devem fazer tratamentos atrás uns dos outros, em modo de piloto automático porque entende que é importante recuperar o psicológico.
      Entendo o que dizes quanto a não teres coragem de adiar quando essa decisão depende só do casal mas realmente o nosso estado de espirito é muito importante para cada etapa deste processo. Sei que custa os tratamentos coincidirem com outros planos mas acho que é mesmo importante focarmo-nos noutras coisas da vida, que tem tantas coisas boas...
      *

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  2. Em relação às viagens fora o investimento nos tratamentos há os timmings, é difícil traçar planos quando tens horas e dias para ecos e injecções e estimulações e inseminações mas que nem sempre são exactamente na mesma altura porque o corpo de uma pessoa não é exactamente um relógio...

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    1. É exatamente isso... Não fica fácil viajar. E é coisa que nos faz tão bem à alma...

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  3. nós adotamos um gato em Fevereiro depois de eu andar há anos a insistir... deixamos de viajar como viajávamos a pensar nos tratamentos que teremos de fazer.... Por isso confere, somos um casal com problemas de fertilidade :)

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  4. Olá Little fairy tale! Passo por aqui para atualizar o meu estado 😊 na passada 2 feira consulta com o meu médico e ecografia. O stress e o medo habitual. Estava tudo otimo felizmente. Estava de 16 semanas e 4 dias na 2 feira e a bébé continua adiantada com 17 semanas e 3 dias 😊. É uma alegria sem fim ver no ecografo a bebé a mexer-se. Agora 2a ecografia morfOlógica no dia 26 de outubro e dia 27 eco fetal ao coroação, ecografia que foi pedida apenas por precaução. Ainda me custa acreditar que estou efetivamente grávida, é inexplicável esta sensação mas tb a preocupação e o medo que algo corra mal é tão grande que a minha emoção e meu estado de espírito anda numa verdadeira montanha russa. Tento relaxar ao máximo, mas por vezes, a ansiedade acaba por ganhar e estar presente no meu dia a dia, muito mais do que queria.
    Um beijinho grande. Continuo a torcer por ti para que na próxima tudo corra pelo melhor 😊

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  5. Confere! Só ainda não tenho um animal porque sou alérgica a cães e gatos.
    Viajar....dinheiro gasto aliado a viver em função de consultas e injecções....
    Relação....altos e baixos....sem dúvida que a infertilidade é uma prova de fogo...
    Beijinhos

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