quinta-feira, 3 de junho de 2021

Consulta beta negativa

 Ontem foi a minha consulta on-line com a Dra. Catarina. Não se se agora é prática comum na clínica, nunca tinha tido uma consulta após um resultado negativo apenas para conversar com a médica. Deixem-me que vos diga, como já disse, que adoro a Dra. Catarina. Não queria um médico melhor para me acompanhar nesta luta. 

Que posso eu dizer da consulta. A Dra. fica muito intrigada com as minhas perdas de sangue. Estando a tomar a dose máxima de progesterona não seria de esperar. É certo que desta vez eu aldrabei, quando tive as perdas comecei a colocar os ovos. Mas nem eu nem ela acreditamos que seja por baixa de progesterona. Não será algo hormonal. Pode ser inflamatório/ infeccioso. Nova histeroscopia não está fora de questão, mas já fizemos no passado após uma tec semelhante a esta e não houve nada a detetar. Basicamente este ciclo será um ciclo de observação. Quando menstruar tenho que relatar à Dra. se tive perdas e como foram. Se bem me lembro eu sempre tive estes spottings. O último papanicolau que fiz foi à 5 anos, está na altura de fazer novamente (a indicação do SNS é que seja feito de 5 em 5 anos). Talvez o faça antes da tec. A Dra. Não falou nisso. O que a Dra. sugeriu foi tomar um soro no dia da transferência para estabilizar o útero. Já li sobre isso no fórum de mãe para mãe. Como o meu útero já passou por uma gravidez é uma cesariana pode ter ficado mais instável. Também vamos aumentar a imunosupressao antes da tec. Sinceramente eu acho que a minha filha foi uma sorte que não terei novamente na vida. 


Houve uma coisa que a Dra. disse que me deixou a pensar. Começou por perguntar como estávamos, se muito desanimados, e disse que nunca sabia bem como eu estava porque nunca demonstrava muito as emoções. Caramba!! Ela acompanhou-me nunca fase da minha vida em que estava completamente destruída. E não reparou. É verdade que eu sempre olhei para as coisas boas que tenho: o meu marido, a minha sorte grande, e (ainda) ter saúde. Quem tem que lidar com um diagnóstico como o meu, a minha doença genética, vê a vida de uma outra perspectiva. Mas não demonstrar que estava na merda, desculpem a expressão, é de uma frieza incrível. E eu não sou essa pessoa. Mas estava disposta a aceitar o que a vida tinha para mim. Assim como agora estou. By the way, a minha doença passou de “doença fatal a doença crônica com preservação da qualidade de vida.” A farmacêutica evoluiu e eu não poderia estar mais grata. 


É muita carga emocional saber que é o meu último embrião. Poderia não ser. Poderíamos fazer nova doação, mas não está nos nossos planos. Saber que é o fim da linha é assustador. Principalmente numa altura em que as gravidez voltam novamente a multiplicar-se pelos nossos lados e eu volto a sentir aquela inveja... que vergonha de mim eu tenho. Nem sequer gostei de andar grávida, tenho a minha Alice que é a melhor coisa do mundo, mas volto a sentir alguma coisa. E não quero sentir coisa nenhuma. Lá estou eu a reprimir... mas é a minha maneira de encarar as coisas. Abrir a caixa de Pandora da infertilidade foi, está a ser bastante difícil. Eu estava muito bem, muito feliz e realizada com a minha vida. Agora volto a sentir muitas daquelas coisas pouco saudáveis que senti no passado. Quero encerrar este capítulo para voltar a reencontrar-me de novo. 


Basicamente vamos ver se a tec será no próximo ciclo ou se a Dra irá sugerir algum exame. E eu estou disposta a aceitar o que a vida quiser para mim. 

2 comentários:

  1. Já queria ter comentado há imenso tempo, mas ainda nunca tinha conseguido.
    Claro que já sabes que lamento imenso o desfecho desta TEC. O facto de termos as nossas filhas é realmente a maior sorte e o maior milagre. Acredito, no entanto, que has-de conseguir repetir esse milagre. E fazer antibiótico de forma preventiva? Eu fiz apesar da histeroscopia estar sem alterações. Como correu o ciclo de observação?
    Fiquei muito feliz de ler que houve evolução no tratamento da tia doença genética. Viva a ciência que tanto nos ajudou a termos o colo cheio e cuja evolução ajuda de forma incomensurável todos os dias e faz a diferença entre a vida e a morte.
    Continuo a não lidar bem com gravidezes temos um dia querer voltar a engravidar, vou lendo que a melhor herança que pudemos deixar a um filho é um irmão e o meu coração dói. Nunca vou fazer as pazes com a infertilidade. Por não me permitir escolher... Não sei explicar. Eu que já tinha arrumado este assunto...
    Beijinhos

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  2. Querida Dream... a infertilidade apenas fica adormecida em nós. Neste momento as gravidezes surgem em todos os lados à minha volta. Pessoas muito próximas, que gosto muito, e embora fique feliz por eles, renasce em mim sentimentos muito feios. Não sei se quero sequer passar por uma nova gravidez, mas algo em mim voltou a mudar. Uma coisa é não querer engravidar... outra é saber que é praticamente impossível. Enfim :) É o que é.

    Beijinho enorme

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