quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Histeroscopia marcada

 Habemos data. Será na próxima quarta, dia 25.

Sinto que se aproxima o princípio do fim. Gostaria de estar de coração aberto para o vivenciar. 


Depois da catarse emocional que me encontrava no último post, sinto que encontrei alguma paz. Na verdade há uma situação muito próxima de mim que remexeu em coisas muito dolorosas. Qual a probabilidade de pessoas muito próximas de mim precisarem de fazer dgpi (por um problema diferente do meu)? Pois é. As "cenas" estão em toda a parte e atingem quem menos esperamos. Para não falar que a minha querida prima tem a mesma mutação que eu e também fez dgpi. E conseguiu. E eu fiquei imensamente feliz!! 

Para quem não sabe, a preparação de um diagnóstico genético para um gene em específico demora muito tempo. No meu caso, como a minha doença é conhecida e estudada, esse estudo já estava feito e eu não tive que esperar quando resolvemos iniciar o tratamento. No caso em questão ainda era necessário fazer o estudo o que demoraria muito tempo. Enquanto aguardaram pela conclusão do estudo resolveram arriscar uma gravidez natural e fazer a análise das vilosidades coriónicas às 12s. Felizmente desta vez o feto não tinha a mutação e vem aí um bebé!

Mas caramba! Eu nunca sequer equacionei esse possibilidade. E continua a não ser opção para mim. Ponto final. Seria incapaz de interromper uma gravidez, por minha opção, às 12s ou até depois. Mas também seria incapaz de ter um filho com a mesma mutação que eu. Eu sei que a minha doença não é fatal. Nos dias de hoje não é, mas foi fatal para o meu pai. Não sei o que o futuro me reserva, mas as possibilidades são bastante animadoras. Mas continuo a viver com esse pesadelo na minha vida. E ainda nem sintomas tenho (já estou a fazer o acompanhamento médico para esse problema.) Nunca permitiria que um filho meu passasse por isto. Até agora uma sentença, agora uma insegurança. Para terem uma ideia quando começamos os tratamentos em 2015 ainda não existia esta perspetiva animadora como existe agora. Mas eu continuo incapaz de arriscar uma gravidez natural. Na verdade com o meu ciclo super fantástico de 21 dias talvez nem uma gravidez natural seria possível. Mas no fundo, bem lá no fundo, quando me encontrava no limite, quando engravidei da Alice, eu sabia que ainda teria essa possibilidade. De tentar pelo menos. Hoje, nunca arriscaria. talvez nem na altura tivesse arriscado.

Estou completamente segura das opções que tomamos até aqui. Não poderia ser de outra maneira. Raramente me lembro que a Alice é resultado de uma doação. Ela acabará por saber a sua origem, e peço muito para que compreenda as nossas opções. Se assim não fosse, provavelmente nunca teríamos um filho, e ela, na sua essência não existiria. Não seria gerada por mim e eu acredito que isso influencia a pessoa que ela é. Não tenho ilusões, ela não se parece fisicamente comigo, mas é criada por mim. Com toda a minha essência e o meu amor. E isso ela levará com ela de certeza. 

Enfim, acho que fiquei sentida, porque quando me contaram pelo que o casal em questão passou, como se fosse a coisa mais heroica do mundo, ( e foi!! eu não seria capaz de seguir esse caminho), apeteceu-me imenso dizer: "então e eu?! tive que abrir mão dos meus genes, não foi 1 ano, mas sim 2, em tratamentos sem fim. Neste momento estamos a tentar ter outro filho e a passar pelas mesmas batalhas do passado!". Mas quem fala não sabe. E não sabe por opção nossa que preferimos guardar tudo isto só para nós. Às vezes tenho muita vontade de partilhar toda esta bagagem. Mas depois não o faço. Pela Alice. Ela será a primeira a saber da sua origem. Até lá não tenho o direito de falar sobre isso. 

Agora que já desabafei neste blog, penso que estou preparada para a histeroscopia. Quero muito que não se passe nada de mal comigo. Depois quero conseguir fazer a transferência. E, agora, desta vez, quero que resulte. Estou cheia de medo! Mas o medo não me paralisa. Já combinamos cá em casa que se não resultar no próximo ano faremos uma viagem de 1 mês pelo mundo. Com a Alice. Na nossa família perfeitamente imperfeita.  

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