sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Reflexões

Após alguma pesquisa, um pouco mais científica feita com a ajuda do médico lá de casa, encontramos alguma investigação sobre isto das compatibilidades. Em breve, e depois de ouvir a opinião da Dra. C., partilho num post aquilo que averiguamos.

Embora a investigação não seja conclusiva, há dados que apontam que há casos em que é o sistema imunológico da rectora que pode de certa forma “rejeitar” o embrião. E como recetora refiro-me à mulher que recebe o embrião, mesmo que sejam ovócitos próprios. Se se confirmar essa incompatibilidade estamos, basicamente, a chover no molhado. Pode até correr bem algum dia, mas será extremamente difícil. As conclusões desses estudos são tão precoces e recentes que ainda não há evidência científica para que possam ser aplicados esses dados em todos os ciclos de FIV, nem sequer como exames preliminares em ovodoação.

Ontem eu e o meu marido refletimos muito. Vamos transferir os 3 embriões. Agora 1 e na última TEC 2. Ainda que seja uma hipótese remota, pode acontecer. (Mesmo se houver incompatibilidade pode acontecer.) Depois o meu marido quer fazer um dgpi... Já eu não sei se quero. O desgaste físico e emocional será enorme. Eu sei do que falo... provavelmente uma estimulação não chegará para termos um número razoável de embriões para serem analisados. Serão precisas duas... ou três. Lisboa não é propriamente ao lado de minha casa... também profissional e económico será um desgaste imenso. Mas ele alega que escolhemos a doação porque achamos que seria mais fácil e não foi. Não está a ser.... se é para ser difícil que seja que os meus ovócitos. Eu ainda não tomei a decisão final. Compreendo e aceito que ele gostasse de ter um filho com os meus olhos, o meu sorriso, ou o meu cabelo, mas esse caminho não sei se sou capaz de percorrer.  

8 comentários:

  1. Fiz essa pesquisa há algum tempo e aquilo que se faz no Brasil, em determinadas situações, é confirmar essa incompatibilidade através de análises. A rejeição pode advir do reconhecimento de material genético estranho do pai ou da dadora e o sistema imunológico age no sentido de o eliminar do organismo. Se o estudo atesta a incompatibilidade é elaborada uma espécie de vacina a partir do sangue do pai, quando os embriões são exclusivamente do casal, que é administrada em 3 doses para promover a imunidade. A questão que se coloca aqui é de caráter ético, pois associada à administração desta vacina podem surgir complicações como o surgimento de doenças autoimunes, nomeadamente lúpus. Já me questionei muitas vezes se o meu corpo não estará a ter esse tipo de reação para ter perdido sempre no início da gravidez. Já falei disso no hospital e a única coisa feita para minorar essa possibilidade foi a introdução do Lepicortinolo. O que aconteceu foi que finalmente se visualizou sem dúvida nenhuma um saco gestacional, que traduziu um progresso em relação às gravidezes anteriores. O desfecho já se sabe, mas a dose que tomei foi de apenas 5 mg/dia.

    Em Portugal esses meandros não são muito valorizados deixando sempre no ar a dúvida se a chave do mistério não estará aí. Enquanto isso vai-se recomendando fármacos e mais fármacos numa base empírica, pois a ausência de investimento na investigação deixa um hiato de conhecimento que coloca uma franja de casais sem qualquer resposta.

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    1. Existem análises sanguíneas que se faz ao casal para saber se a mulher tem a tal predisposição para rejeitar os embriões (casos em que as mulheres têm anticorpos KIRK AA que reagem aos antígenos C2 do embrião herdamos dos maridos). Nestes casos as falhas de implantação e abortos de repetição são muito frequentes... aposto que eu tenho esse anticorpo. O problema é que não existem apenas estas ligações antígeno/anticorpo, existem muitos que nem sequer se tem conhecimento ainda... daí não haver evidência científica para assegurar o que quer que seja. Não sei se irei fazer essas análises, sei na IVI as fazem... provavelmente vou. Basta eu ser a tal KIRK AA e o meu marido C2 que estamos destinados ao fracasso... nem é preciso meter dadoras ao barulhos...

      A única coisa que se pode fazer é de facto o corticoide para entrar diminuir a rejeição... é tudo tão complicado. Mas acho mesmo que o meu problema pode estar a passar por aí... pode ser tanta coisa que ficamos assim a dar voltas e voltas à cabeça. Aqueles casais que passam anos e anos até conseguir, os tais da infertilidade enexplicada podem muito bem estar neste hiato. Assim como nós...

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    2. Meus Deus tantos erros e frases sem sentido! Não posso escrever posta no telemóvel :-)
      Peço desculpa :-)

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  2. Sobre o DGPI, encontrei há uns dias este artigo (é bastante extenso) e penso que dá muito que pensar: https://www.thecut.com/2017/09/ivf-abnormal-embryos-new-last-chance.html

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    1. Há dois tipos de dgpi... o PGS que consiste na análise do cariotipo do embrião, analisa se tem os 23 cromossomas e se não existe nenhuma translocação, aploidia ou Trissomia. Só são transferidos os embriões sem anomalias e assim aumentasse a chance de uma gravidez de termo. É a única maneira de saber se o embrião tem anomalias cromossomicas... parece-me que é comprovado que a maioria dos nossos óvulos tem anomalias...

      No meu caso o dgpi é diferente. É feito previamente um estudo genético em torno de uma mutação de um gene em concreto... a análise ao embrião não é a nível de todo o cariotipo mas é apenas estudado se existe mutação nesse gene em concreto que foi estudado. Não sei se fazem simultaneamente ao cariotipo. Esta técnica para mim é um avanço incrível da ciência... é uma preciosidade existir esta técnica. A nível de manipulação do embrião em laboratório é igual. Apenas alguns laboratórios optam por retirar as células ao embrião em D3 e transferir a fresco no D5 (são defensores de transferências a fresco, o caso da clínica do Prof Alberto Barros no Porto onde fiz os 2 primeiros tratamentos), outras clínicas como a IVI retiram as células em D5 e congelam todos os embriões. Depois descartam os embrioes com anomalias. Sinceramente nem sei o que é melhor... no meu caso por causa da janela de implantação ser mais curta, tenho mesmo que utilizar embriões congelados.

      Obrigada pela partilha Maria João :)
      Beijinho

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  3. Eu só comecei a ter betas positivos depois de fazer corticoides. Nem sempre as gravidezes foram avante mas mesmo com os meus próprios óvulos decidimos fazer os corticoides e resultou. Penso que seria um caso a considerar na próxima tec fiz isso e aspirina!
    Toda a sorte do mundo! Um dia os milagres acontecem e espero que o vosso esteja para muito breve. Forca.

    Enviasde

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    1. Obrigada Enviasde :)

      Eu tenho uma tremenda dificuldade em acreditar em milagres. Não sou uma pessoa afortunada. Quanto ao corticoide acho que tens razão, será mesmo o próximo passo para mim...

      Beijinho grande para ti e para os teus meninos (acompanhei a tua luta no fórum...ainda bem que existem finais felizes como o teu!)

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    2. Também não acreditava em milagres mas que eles existem existem! Eu sou a prova disso! Mantém a fé e vais ver que ainda vais ter o teu Euromilhões 😊😘

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