quarta-feira, 7 de junho de 2017

Cenas de mulheres inférteis III

Desta vez vamos falar de "cenas" práticas, como quanto custa fazer um filho recorrendo a técnicas de PMA.

Por um lado temos os hospitais públicos. Têm excelentes profissionais, médicos competentes e experientes, mas certamente com algumas restrições orçamentais e de agenda. Certamente que não fazem mais pelos doentes porque não podem. Obviamente que haverá excepções e que falo sem conhecimento de causa porque nunca passei por lá. Como contribuintes que somos, e vivendo num Estado Social como vivemos, temos todos direito de recorrer aos centros públicos de PMA. No nosso caso não recorremos por dois motivos: a falta de privacidade e, mais importante que isso, o tempo de espera por um tratamento. Está praticamente a fazer 1 ano desde que iniciamos o primeiro tratamento, continuamos sem filho, mas já passamos por tanto... percorremos um longo caminho. Num hospital público, além de ainda estar à espera do primeiro tratamento, nunca teríamos um filho. Esta seria a realidade. Não sei se mesmo com todos os recursos e técnicas evoluídas como a ovodoação teremos um final diferente, mas, felizmente, pudemos contornar a situação. No Hospital Público, nomeadamente o Hospital de São João que é o único onde se realiza DGPI em Portugal, seriam precisas as duas tentativas de DGPI para descobrir os meus problemas na fase lutea curta e não teríamos direito a mais nenhum tratamento. Essa é a triste realidade. Agradeço todos os dias ter recursos financeiros para percorrer este caminho de forma diferente. 

Por outro lado temos as clínicas privadas, com atendimento muito mais personalizado, confidencial, sem tempos de espera, mas onde tudo é pago a preço de ouro. Sinceramente já perdi a conta ao dinheiro que já investimos para ter um filho. Não me arrependo de nenhum cêntimo gasto, mas é inevitável não fazer as contas. E eu até sou muito má com contas. Depois desta TEC (aconteça ela quando acontecer) andará muito próximo dos 10000€ só na IVI, nem sei quanto já gastamos no Porto. Nunca irei pensar que não valeu a pena o investimento, mesmo que nunca venha a ser mãe. Se esse for o triste desígnio ficaremos de consciência tranquila que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance.

1 comentário:

  1. Aqui estou no público e a lista de espera nem existiu. Claro que pode demorar quando é FIV mas para IIU não tive tempo de espera e para FIV acho que por norma também não. Mas com os valores que todos temos de pagar por seguro de saúde que é obrigatório acho que é o mínimo.
    Valerá a pena com certeza porque lutar por um sonho vale sempre a pena!

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